SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Guiné Equatorial mais do que duplica casos confirmados

LUSA
24-04-2020 21:22h

Os casos confirmados de infeções pelo novo coronavírus mais do que duplicaram na Guiné Equatorial desde segunda-feira, com o país a registar agora 213 doentes com covid-19 e um morto, segundo informações oficiais.

"O número total de casos positivos registados no país desde o início da pandemia é de 213", disse hoje o ministro da Saúde, Salomón Nguema Owono, ou seja, mais 130 casos do que os registados até segunda-feira, 21 de abril.

De acordo com o ministro, os novos casos foram identificados após serem conhecidos os resultados dos testes realizados na segunda e terça-feira.

A maioria das novas infeções confirmadas concentra-se na capital, Malabo (119).

Os restantes 11 casos foram detetados na cidade de Bata e são todos trabalhadores dos serviços de urgência do Hospital Regional da cidade, a segunda maior do país.

A idade dos novos casos confirmados em Malabo oscila entre os 02 e os 77 anos e em Bata entre os 33 e os 64 anos.

As autoridades de Malabo consideram que "o aumento brusco de casos mostra a gravidade da situação em todo o país" e apelam às populações para que recorram atempadamente aos serviços de saúde se tiverem sintomas e respeitem as medidas preventivas para evitar o contágio.

Após a divulgação dos novos dados, o partido Convergência para a Democracia Social (na oposição) pediu a libertação "imediata" de todos os detidos nas esquadras de polícia, com exceção dos considerados perigosos e acusados de crimes graves.

Pede ainda a libertação dos presos condenados por crimes que não incluam homicídios ou roubos com violência e de todos os presos políticos.

O partido aponta as condições higiénicas precárias e de sobrelotação das cadeias e outros locais de detenção do país, considerando que são propícias ao contágio e à propagação da doença.

"Na maioria das cadeias do país há presos sobre os quais não pesa qualquer condenação por não terem sido julgados e há outros que cometerem delitos leves", aponta o partido, lembrando que esta orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) já foi seguida por outros países.

Para o CPDS, trata-se de "evitar uma tragédia" resultante do contágio massivo nas cadeias a que se seguiriam contágios locais e comunitários.

"Os 213 casos de hoje poderão triplicar nos próximos dias no resto do país com consequências catastróficas", alerta o partido.

A Guiné Equatorial tem um dos sistemas de saúde mais frágeis em África e a forma como o Governo está a gerir a pandemia tem sido alvo de críticas, sobretudo da oposição e a partir do exterior.

Internamente, uma enfermeira foi detida na semana passada por alegar que o hospital onde são tratados os doentes infetados com o novo coronavírus não tinha oxigénio.

O Ministério Público pediu a prisão preventiva de Nuria Obono Ndong Andeme pela "autoria do delito de violação de segredo", um crime punível com penas de 10 a 12 anos de prisão.

Em causa está uma mensagem de áudio enviada através da rede social WhatsApp a uma amiga, na qual a enfermeira apontava falhas existentes no hospital.

"O hospital Sampaka, cuja capacidade de tratar doentes de coronavírus é ostentada na televisão nacional, não tem oxigénio para os doentes da covid-19", terá afirmado a enfermeira, que foi, entretanto, libertada, mas continua a ter de se apresentar periodicamente a um juiz.

As autoridades desmentiram a falta de condições e mostraram na televisão nacional uma reportagem, assegurando que o país dispunha de 80 tanques de oxigénio.

O Comité de Controlo e Luta conta o Coronavírus é liderado pelo vice-presidente do país e filho do Presidente Teodoro Obiang, que governa há mais de 40 anos.

'Teodorin' Obiang, conhecido pelos seus gostos extravagantes e alvo de um processo judicial em França por desvio de dinheiros públicos, anunciou ter mandado comprar 30 ventiladores e equipamento para aumentar para 500 a capacidade diária de realização de testes à doença no país.

O número de mortos provocados pela covid-19 em África subiu para 1.298 nas últimas horas, com 27.427 casos registados da doença em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 720 mil doentes foram considerados curados.

MAIS NOTÍCIAS

Este site usa cookies para lhe garantir uma melhor experiência de navegação.

Saber mais