Para este matemático, é errada a ideia generalizada de que o pico da pandemia em Portugal já passou, e continua a ter a convicção de que o pico do número de infetados só acontecerá entre o final de abril e o início de maio, pelo que atualmente o risco de contágio continua a ser cada vez maior.
O problema reside, explica, no facto de estar a ser considerada uma curva que não aquela que é mais importante para se perceber se Portugal já está numa trajetória descendente: a dos infetados ativos.

Paralelamente à leitura incorreta dos dados, Jorge Buescu responsabiliza as autoridades por instalarem no seio da população uma ideia de descompressão e de que o pior já passou que, defende, não corresponde de todo à realidade. E isso, de acordo com este especialista, pode colocar a saúde de todos seriamente em risco.

Com base nestas premissas, o dia anunciado para o levantamento do estado de emergência e a fase de início de alívio das medidas de contenção poderá coincidir com o pico do número de infetados ativos, podendo tornar este momento o mais perigoso para o efeito. Jorge Buescu ilustra o que pode acontecer com o exemplo do fim de semana de Páscoa em Espanha.

Num momento em que a taxa de ocupação do Serviço Nacional de Saúde é de cerca de 50 por cento da sua capacidade, Jorge Buescu alerta para a facilidade com que a outra metade pode ser preenchida, se a crise sanitária entrar em descontrolo.

Na terceira e última parte desta entrevista, Jorge Buescu partilha a sua visão sobre o que deve o Governo fazer para equilibrar o risco de contágio com a necessidade de reativar a economia do país.