O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse hoje que o país vai retomar a atividade económica de forma gradual e faseada no final do mês, após 35 dias de confinamento devido à covid-19.
"A partir de quinta-feira, 30 de abril, devemos recomeçar de forma gradual e faseada a atividade económica", declarou o chefe de Estado sul-africano numa comunicação ao país pela televisão.
"Embora o confinamento nacional seja, provavelmente, o método mais eficaz para conter a propagação do vírus, não poderá continuar a ser sustentado por tempo indeterminado. O nosso povo precisa de se alimentar, de ganhar a vida, as empresas têm de produzir, comercializar, gerar receita e de manter os seus funcionários", salientou.
Ramaphosa sublinhou que a África do Sul irá, no entanto, implementar "uma abordagem cautelosa, aconselhada por cientistas", no levantamento das medidas extraordinárias decretadas no âmbito das medidas de contenção decretadas desde 15 de março.
"Decidimos por esta abordagem porque ainda há muito por conhecer sobre a incidência da contaminação no seio da nossa população. As medidas que vamos tomar agora devem, por isso, ser avaliadas e graduais", declarou.
O Presidente da África do Sul disse que "o levantamento descontrolado" das restrições em vigor poderá causar um "ressurgimento maciço do número de infeções" no país que hoje contabilizou mais 10 novos óbitos de covid-19.
No seu discurso, Ramaphosa disse que, "a exemplo de outros países”, a África do Sul tem de “equilibrar a necessidade de recomeçar a atividade económica com o imperativo de conter o vírus e salvar vidas".
Nesse sentido, o chefe de Estado informou que haverá "cinco níveis coronavírus", numa abordagem faseada de nível nacional, provincial e metropolitano para o levantamento total do confinamento, que se espera ocorra até depois do mês de maio, sem, contudo, precisar datas.
"Neste momento estamos no nível 5, que requer um confinamento total para conter a propagação do vírus", explicou Ramaphosa, acrescentando que a partir de 01 de maio será reduzido para o nível 4.
Entre as atividades permitidas, o Presidente sul-africano destacou o regresso da atividade empresarial por "etapas", assim como das escolas e outras instituições de ensino, deixando, no entanto, para os membros do executivo o anúncio dos detalhes operacionais.
"No dia 01 de maio, quando entrarmos no nível 4, as fronteiras vão permanecer encerradas a viagens internacionais, exceto para o repatriamento de cidadãos sul-africanos e estrangeiros, não será permitida deslocações entre províncias, exceto o transporte de bens e produtos, e exceções como funerais", declarou.
"Os transportes públicos vão continuar a operar de forma limitada e com medidas sanitárias apertadas, em que todos os passageiros devem usar obrigatoriamente uma máscara de proteção", adiantou.
Cyril Ramaphosa disse também que a concentração pública de pessoas continuará a ser proibida, à exceção de funerais, mas que o exercício físico vai passar a ser permitido "segundo regras de saúde pública restritas a anunciar".
A venda de cigarros vai passar a ser permitida, "mas bares e locais de venda de bebidas alcoólicas permanecem encerrados", sublinhou.
Na comunicação ao país, o chefe de Estado concluiu com um apelo a todos os sul-africanos para que usem máscara de proteção contra a doença respiratória.
Até à data, o Governo sul-africano destacou 70.000 efetivos militares para assistir a Polícia na implementação do confinamento obrigatório, indicou o chefe de Estado sul-africano.
As autoridades de Saúde anunciaram hoje 10 novos óbitos associados à covid-19, elevando para 75 o número de mortos declarados desde o primeiro caso positivo de infeção, reportado em 05 de março.
Até à data, as autoridades registaram 3.953 casos de infeção do novo coronavírus no país, após 143.570 testes realizados. Segundo as autoridades sul-africanas, 1.473 doentes recuperaram da doença.