"Decreto um confinamento que implica a suspensão de qualquer movimento no estado de Borno por um período inicial de 14 dias a contar a partir de quarta-feira, 22 de abril de 2020", anunciou o governador Babagana Zulum, em comunicado citado pela agência AFP.

Vários outros estados da Nigéria já adotaram medidas restritivas, acompanhadas por fortes protestos sociais, num país onde metade da população vive em condições de extrema pobreza.

A medida no estado de Borno – uma das regiões mais pobres do mundo, dizimada por 10 anos de conflito com os fundamentalistas do grupo Boko Haram – foi anunciada após a morte de um enfermeiro nigeriano ao serviço dos Médicos Sem Fronteiras.

Trata-se do primeiro caso confirmado de covid-19 no Borno e as Nações Unidas já informaram que a vítima "não tinha qualquer antecedente de viagens para fora do estado".

Os trabalhadores humanitários e as autoridades locais estão de prevenção face a uma eventual propagação do vírus entre os dois milhões de deslocados da região

A região é extremamente vulnerável, com sete milhões de pessoas dependentes de ajuda humanitária para sobreviverem e quase todos os serviços públicos destruídos pelo conflito.

Os Médicos Sem Fronteiras já comunicaram que estão a apoiar as autoridades na identificação das “pessoas que possam ter estado em contacto” com o enfermeiro.

A organização não-governamental continuará "a prestar apoio” na região.

"Com o objetivo de proteger as nossas equipas e doentes reforçámos as medidas de higiene e as verificações e instalámos espaços de isolamento" para os doentes suspeitos de estarem infetados com o novo coronavírus, refere a organização, em comunicado.

"Os agentes humanitários adaptaram a forma de trabalhar para impedir a propagação do vírus", reforçou Edward Kallon, coordenador humanitário das Nações Unidas na Nigéria, em comunicado.

"Criámos uma instalação de tratamento para covid-19 e um laboratório de testes em Maiduguri e uma segunda instalação” está em vias de ser criada, adiantou.

O enfermeiro dos Médicos Sem Fronteiras é a 21.ª vítima mortal associada à covid-19 oficialmente registada na Nigéria, mas os profissionais de saúde alertam para a propagação do vírus no território, o mais populoso de África, onde apenas sete mil testes formam realizados.