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Covid-19: França acha prematuro definir valor do fundo europeu de reconstrução

LUSA
20-04-2020 18:45h

França considera prematuro definir o montante do fundo europeu de recuperação que propôs como alternativa a uma mutualização da dívida pela União Europeia (UE), embora estime que sejam necessárias várias centenas de milhares de milhões de euros.

Num documento publicado hoje, a dias da reunião por videoconferência dos chefes de Estado e de Governo da UE prevista para quinta-feira, o Governo francês considera “difícil, de momento, avaliar quais vão ser as necessidades de investimento uma vez passada a crise” associada à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Paris prefere esperar por uma análise mais aprofundada do impacto nas economias europeias, embora estime que o montante não será inferior a “várias centenas de milhares de milhões de euros”.

Para França, além das consequências económicas da crise, o fundo deve dar resposta a “carências importantes” evidenciadas pela crise sanitária em matéria de “autonomia estratégica e soberania industrial e tecnológica” da UE, uma referência à necessidade de reorientar a política industrial europeia para reduzir a dependência de países terceiros em setores-chave.

França esteve ao lado de países como Itália, Espanha e Portugal na defesa de emissões de dívida comum, sob a forma de ‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’, mas face à oposição de países como a Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia a qualquer mutualização de dívida, avançou com a proposta do fundo para facilitar um compromisso entre os 27 Estados-membros.

O documento, do Ministério das Finanças francês, reitera que o fundo de reconstrução deve ser financiado com empréstimos “a muito longo prazo” que teriam uma “garantia conjunta” de todos os países da UE e seriam pagos “quando a economia tiver recuperado”.

O Governo francês sublinha que este fundo, de carácter temporário, não envolve a dívida, passada ou futura, dos Estados-membros.

“Apenas de mutualizaria a nível europeu o financiamento das medidas relacionadas com a crise e as medidas de recuperação e todos os Estados reembolsariam [os fundos] com uma chave contributiva pré-estabelecida”, lê-se no documento.

Surgido em dezembro, na China, o novo coronavírus já infetou mais de 2,3 milhões de pessoas, 164 mil das quais morreram.

A Europa é atualmente a região do mundo com mais casos (1,1 milhões) e mais mortes associadas à covid-19 (mais de 100 mil).

A pandemia levou a generalidade dos países a impor medidas para travar a propagação do vírus, as quais implicaram uma quase total paralisação da economia.

Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) antecipou que o chamado “grande lockdown’ possa provocar uma recessão da economia mundial de 3% em 2020 e, na Europa, uma contração de 7,5% na zona euro e uma taxa de desemprego agregada de 10,4%.

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