Macau vai pedir a Pequim o regresso e alargamento de vistos turísticos, suspensos devido à pandemia da covid-19, anunciou hoje o chefe do Governo do território, altamente dependente do mercado chinês e da indústria do jogo.
“O setor do jogo e do turismo é o setor que mais sofre com o impacto da epidemia”, afirmou Ho Iat Seng, durante a apresentação na Assembleia Legislativa (AL) das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2020, nas quais se prevê solicitar a Pequim o alargamento da emissão de vistos individuais a mais cidades do interior da China.
“Com vista a recuperar o setor do turismo local, solicitaremos oportunamente ao Governo central que seja retomada a emissão de vistos turísticos”, afirmou o governante, que tomou posse há cerca de quatro meses.
Logo em fevereiro, Macau registou menos 95,6% de visitantes na capital mundial do jogo, onde os casinos fecharam nesse mês pelo menos 15 dias.
O foco da atração turistas estará centrado nas regiões vizinhas, admitiu Ho Iat Seng, mas também serão lançados planos de forma a alargar “os mercados de origem de turistas”, num território que recebeu em 2019 quase 40 milhões de visitantes, a esmagadora maioria proveniente da China.
Numa conferência de imprensa na sede do Governo, Ho Iat Seng assumiu depois que os próximos 10 dias vão ser determinantes para determinar a abertura ds fronteiras ao turismo chinês, uma vez que o território está há 12 dias sem registar novos casos.
O governante informou ainda que está a ser estudada a forma de entrada de turistas desta zona e que em cima da mesa está a obrigatoriedade de ser exigida uma declaração médica e de um código digital verde, no qual é possível verificar se a pessoa não teve contacto com pacientes confirmados ou suspeitos e se são ou não residentes de áreas de baixo ou moderado risco.
Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou uma contração de 29,6% da economia de Macau este ano, devido à pandemia da covid-19, num território cuja economia é altamente dependente do jogo e que registou receitas de 292,46 mil milhões de patacas (cerca de 32,43 mil milhões de euros) no final de 2019.
A capital mundial do jogo teve em março quebras nas receitas na ordem dos 79,7%, em relação a igual período de 2019, mês em que as medidas para conter o surto da covid-19 praticamente encerraram as fronteiras do território e depois de em fevereiro os casinos terem fechado pelo menos 15 dias.
A economia em Macau praticamente paralisou então, o que levou o Governo a avançar com apoios à população e às empresas.
A 08 de abril, o Governo de Macau reforçou as medidas, anunciando ajudas no valor de 13,6 mil milhões de patacas (1,57 mil milhões de euros), depois de já ter decidido utilizar 38,95 mil milhões de patacas (4,5 mil milhões de euros) da reserva especial para fazer face ao impacto económico motivado pela pandemia da covid-19.
Macau, que identificou 45 infetados desde o início do surto do novo coronavírus, não regista novos casos desde 09 de abril.
Após uma primeira vaga de dez casos em fevereiro, o território esteve 40 dias sem identificar qualquer infeção. Contudo, a partir de meados de março foram identificadas mais 35 pessoas infetadas, todos casos importados. Do total de infetados, 22 já receberam alta hospitalar.
A nível global, a pandemia da covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.