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Covid-19: FMI avisa que ainda faltam 44 dos 114 mil milhões necessários em África

LUSA
18-04-2020 00:33h

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial anunciaram ter mobilizado 57 mil milhões de dólares para combater a pandemia da covid-19 em África este ano, mas ainda faltam 44 dos 114 mil milhões necessários.

"Juntos, os credores oficiais mobilizarem 57 mil milhões de dólares [52,4 mil milhões de euros] para África este ano, incluindo os 18 mil milhões do FMI e do Banco Mundial [16,5 mil milhões de euros], para darem apoio à linha da frente dos serviços de saúde, apoiar os pobres e os vulneráveis, e manter as economias à tona num contexto da maior crise económica desde os anos 30", lê-se no resumo da reunião que decorreu hoje em Washington sobre a mobilização de fundos para o continente.

"O apoio dos credores privados este ano poderia chegar a uns 13 mil milhões de dólares [11,9 mil milhões de euros], o que é um importante ponto de partida, mas o continente precisa de uns 114 mil milhões de dólares [104 mil milhões de euros] este ano para combater a covid-19, demonstrando assim uma falta de financiamento na ordem dos 44 mil milhões de dólares [40,4 mil milhões de euros]", alerta-se na nota.

O comunicado, divulgado depois de uma reunião virtual que juntou os líderes do FMI, Banco Mundial, Nações Unidas, Organização Mundial de Saúde e União Africana, entre outros, e que serviu para "apresentarem os seus planos para o uso efetivo de recursos", salienta que os parceiros concordaram "num congelamento da dívida a começar a 01 de maio".

Esta pandemia, disse o presidente em exercício da União Africana e chefe de Estado da África do Sul, "já teve um impacto devastador em África e os seus efeitos vão aprofundar-se à medida que a taxa de infeção aumenta, o que é um revés para o progresso que temos feito na erradicação da pobreza, da desigualdade e do subdesenvolvimento".

Na intervenção, Cyril Ramaphosa salientou que apesar de os recentes anúncios de ajuda internacional serem muito bem-vindos, "continua a haver um grande 'gap' no financiamento e é preciso mais apoio para garantir que os países africanos são capazes de responder eficazmente à crise sanitária e lidar com os desafios económicos".

O presidente do Banco Mundial, por seu turno, afirmou que esta instituição financeira multilateral "está a colocar a sua capacidade total a favor das pessoas em África e da sua luta contra esta pandemia".

David Malpass argumentou que "o mundo raramente viu uma crise desta magnitude e por isso ninguém pode ficar no banco, não podemos deixar nenhum país para trás na nossa resposta".

O FMI e o Banco Mundial "já deram ajuda de emergência a 30 países em África, e vão dar a mais, e vão continuar a defender um alívio da dívida e aumento dos recursos, especialmente para aqueles mais atingidos pela covid-19", concluiu o banqueiro.

“[A nossa mensagem] é clara, nós estamos ao lado de África e estamos a chegar-nos à frente com muitos outros parceiros para alavancar os nossos recursos e ajudar a salvar vidas", completou a líder do FMI, Kristalina Georgieva.

Desde o início da pandemia, o FMI e o Banco Mundial, as duas instituições financeiras multilaterais de referência, têm anunciado um conjunto de apoios aos países em desenvolvimento para ajudar a combater a pandemia que deverá atirar o mundo para uma recessão de 3% e África para a primeira contração nos últimos 25 anos.

"O Grupo Banco Mundial está a alocar 160 mil milhões de dólares [147 mil milhões de euros] em apoio financeiro, 55 mil milhões [50,5 mil milhões de euros] dos quais serão para África, nos próximos 15 meses para proteger os pobres e os vulneráveis, apoiar os negócios e sustentar a recuperação económica", lê-se no comunicado.

Entre as iniciativas já aprovadas para combater a pandemia, o FMI elenca o bilião de dólares [quase 920 mil milhões de euros] disponível, a duplicação do limite de acesso anual para os veículos de desembolso rápido, para cerca de 100 mil milhões de dólares [91,9 mil milhões de euros] que servirão para responder aos pedidos de emergência feitos por mais de 100 países e, entre outras medidas, o fortalecimento do Fundo de Alívio e Contenção de Catástrofes que vai ajudar 29 dos membros mais pobres, 23 dos quais estão em África.

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