Os deputados socialistas da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas (CNECP) na Assembleia da República manifestaram hoje "a maior preocupação" com a situação política e a evolução da pandemia de covid-19 na Guiné-Bissau.
"Os deputados socialistas na CNECP manifestaram grande preocupação pelo facto de não estar ainda resolvida a situação política e institucional na sequência da segunda volta das eleições presidenciais e apelam para o diálogo interno e internacional e para a normalidade democrática", afirmam num comunicado emitido hoje, após uma reunião por videoconferência.
Na reunião, na qual analisaram diversos temas no âmbito da política externa e das comunidades portuguesas, no contexto da evolução da pandemia de covid-19, os deputados manifestaram também "a maior preocupação pelo facto de vários membros do Governo [da Guiné-Bissau], entre os quais o próprio primeiro-ministro, Aristides Gomes, vários ministros e secretários de Estado estarem sem paradeiro conhecido”, pedindo para que “não sejam cometidas arbitrariedades pelo atual regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló e que todos os direitos, liberdades e garantias sejam respeitados".
Os deputados apelam também à comunidade internacional para que continue "a acompanhar a situação na Guiné-Bissau e faça respeitar os princípios do Estado de direito e da democracia, muito particularmente às Nações Unidas, União Europeia, CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], União Africana e CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]".
Ainda de acordo com o mesmo comunicado, os deputados socialistas daquela comissão "manifestam a sua maior preocupação devido ao aumento do número de casos de covid-19 na Guiné-Bissau, que é o país mais atingido da CPLP, já que não existem estruturas sanitárias com capacidade de resposta para com o agravamento da situação, nem em Bissau nem noutras zonas do país".
Neste contexto, os deputados "condenam qualquer abuso de poder com o argumento do cumprimento das medidas do estado de emergência, já que há relatos de pessoas espancadas simplesmente por se encontrarem na rua".
A Guiné-Bissau foi um dos temas discutido na reunião porque naquele país junta-se agora "à crise política, económica e social" uma outra crise, a "sanitária, na sequência da declaração do estado de emergência no país no passado dia 27 de março, devido ao crescimento do número de casos de infeção por covid-19, no âmbito do qual foi decretado o encerramento de fronteiras e restrições à liberdade de circulação", explicam na nota.
O número de casos confirmados com covid-19 na Guiné-Bissau aumentou para 50, disse hoje aos jornalistas o porta-voz do Centro de Operações de Emergência de Saúde guineense, Tumane Baldé.
Em termos de distribuição geográfica, 32 casos foram registados em Bissau, 13 em Canchungo, na região de Cacheu, e cinco na região de Biombo. Dos 50 casos, três já foram dados como recuperados.
No âmbito do combate à pandemia, a Guiné-Bissau já prolongou o estado de emergência até 26 de abril e endureceu algumas das medidas para combate à prevenção da doença, à semelhança do que aconteceu em alguns países do mundo.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 150 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 483 mil doentes foram considerados curados.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste.