A companhia Latam, uma das principais transportadoras aéreas da América Latina, anunciou hoje que vai manter em maio a suspensão de 95% dos voos de passageiros, decretada no início do mês devido à menor procura por cauda da covid-19.
A empresa, criada após a fusão entre a Lan, do Chile, e a Tam do Brasil em 2012, afirmou que no próximo mês vai operar alguns voos domésticos no Chile e no Brasil e manterá apenas seis frequências semanais entre Santiago (Chile) e Miami (Estados Unidos da América) e três frequências entre São Paulo (Brasil) e Miami.
"Há um mês e meio que diversos atores da indústria têm alertado para a maior crise que o setor sofreu e hoje podemos ver que os impactos são mais profundos e serão mais duradouros do que inicialmente previmos", alertou o novo diretor executivo da empresa, Roberto Alvo.
O grupo, que antes da emergência sanitária voava para 145 destinos em 26 países e realizava 1.400 voos diários, já tinha anunciado em 16 de março uma primeira redução de 70% dos seus voos de passageiros e há duas semanas comunicou uma quebra de 95%.
Mais recentemente, a companhia aérea comunicou o cancelamento de todos os seus voos internacionais entre 13 e 30 de abril.
No entanto, as operações de carga não foram limitadas pelo encerramento das fronteiras e a empresa anunciou na sexta-feira que aumentou a sua capacidade nas últimas semanas em 40% entre a América do Sul e a Europa e em 15% entre a América do Sul e Miami, e em breve os aviões de passageiros serão utilizados "para transportar material médico" da China para a região.
"Face a este cenário adverso, é inevitável que as empresas do grupo tenham de redimensionar os seus respetivos tamanhos e a forma como operam", acrescentou o executivo.
A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) revelou esta semana que as companhias aéreas mundiais poderão perder, este ano, 314 mil milhões de dólares (290 mil milhões de euros) em receitas no transporte de passageiros, uma queda de 55% em comparação com os números de 2019.
A organização, que reúne quase 300 companhias aéreas mundiais, tinha inicialmente estimado as perdas em 113 mil milhões de dólares (104 mil milhões de euros) quando a pandemia provocada pelo novo coronavírus estava centrada na Ásia, mas em março aumentou esse valor para 252 mil milhões de dólares (232 mil milhões de euros) e voltou a rever em alta as suas previsões.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.