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Covid-19: Câmara de Gaia vai testar em 59 lares com unidade móvel a partir de sábado

LUSA
17-04-2020 17:06h

A Câmara de Gaia começa no sábado a testar 1.700 utentes e 850 profissionais de 59 lares por estar “cansada de esperar” pelas autoridades de saúde, arrancando no espaço que na segunda-feira registava 17 casos de covid-19,.

Em comunicado divulgado hoje, o município diz que, “cansado de esperar pelo ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] Gaia Norte, decidiu avançar sozinho para rastreio a idosos e profissionais”, com uma carrinha “devidamente equipada”, nove enfermeiros contratados e “um protocolo com o hospital de Gaia”.

“O primeiro lar a receber a unidade móvel [no sábado] será o de Santa Isabel, em Mafamude, onde há mais de uma semana foram detetados seis casos positivos de covid-19”, revela a autarquia, notando que, de acordo com o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, “apesar de muitas insistências” não se conseguiu “que fossem feitos mais testes” na instituição.

O presidente do Lar de Santa Isabel disse na segunda-feira à Lusa que a instituição registava 17 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus e precisava de pessoal médico e de enfermagem.

Relativamente a este lar na freguesia de Mafamude, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse na reunião de executivo de 06 de abril terem ocorrido duas mortes por covid-19.

No fim dessa sessão camarária de 06 de abril, o autarca disse aos jornalistas que "todos os lares públicos e privados" do concelho, num total de 59 residências seniores, 1.700 idosos e 675 técnicos, seriam testados.

Agora, com a unidade móvel, a câmara diz que “serão feitos testes em todos os lares, nove horas por dia e sete dias por semana, sendo expectável que o processo esteja concluído em dez dias”.

“A decisão do município surge depois de, há mais de uma semana, se ter disposto a pagar a integralidade dos testes naqueles equipamentos, mas neste período nada ter sido feito no ACES Gaia Norte para os concretizar”, refere a autarquia.

 Citado no comunicado, o presidente Eduardo Vítor Rodrigues esclarece que “o agendamento de testes depende, formalmente, do agendamento dos e da ARS (Administração Regional de Saúde)”, registando que, ao fim de uma semana existe “um número considerável [de testes feitos] no ACES Gaia Sul e nada no ACES Gaia Norte”.

Apesar de dizer que têm sido feitos testes pelo ACES Gaia Sul, a Câmara de Gaia diz que, “já a partir de sábado, uma unidade de rastreio móvel” vai “percorrer os 59 lares de idosos e pessoas com deficiência do concelho”.

“Desde o início consideramos o diagnóstico nos lares como uma estratégia fundamental para identificar potenciais positivos e evitarmos contaminações gerais. O município, cansado de esperar, decidiu avançar sozinho”, justifica o autarca, no comunicado.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, “este atraso, burocracia e sofrimento não são explicáveis”. 

“Não adianta que as entidades tenham boa-vontade e depois haja chefias intermédias a colocar tudo em causa”, observou.

De acordo com o autarca, “se no ACES Gaia Sul as coisas têm acontecido com agilidade, o ACES Gaia Norte não tem resultados práticos e o município não espera mais”.

“Avançamos e se alguém quiser acompanhar o nosso esforço, muito bem. Precisamos de quem ajude, não de quem bloqueie ou atrapalhe”, acrescentou.

O Lar de Santa Isabel acolhe cerca de 120 utentes com idades entre os 75 e 90 anos, e tem cerca de 100 funcionários.

Na segunda-feira, o presidente da instituição descreveu que 13 idosos testaram positivos, estando sete em isolamento e seis internados no hospital de Gaia.

Quanto aos funcionários, "27 deles fizeram o teste, 18 estão negativos, quatro positivos a recuperar em casa” e cinco “aguardavam resultado”.

A Lusa tentou, sem sucesso, ouvir a ARS-N sobre a situação de Vila Nova de Gaia.

 

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