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Codiv-19: Malásia rejeita barco com 200 rohingyas por temer contaminação

LUSA
17-04-2020 14:24h

A Malásia impediu um barco com cerca de 200 pessoas da minoria muçulmana rohingya a bordo de atracar no país por temer que estejam contaminados pelo novo coronavírus, informou hoje a Força Aérea malaia.

"Com os seus acampamentos improvisados e as suas miseráveis condições de vida (…), é altamente credível que os migrantes ilegais que tentam entrar na Malásia por mar ou terra possam trazer a covid-19 para o país", referiu hoje, num comunicado, a Força Aérea da Malásia.

As forças da Malásia disseram que "a vigilância marítima seria reforçada".

As associações de direitos humanos temem que um grande número de refugiados rohingya, membros de uma minoria muçulmana perseguida em Myanmar (ex-Birmânia), estejam atualmente presos no mar sem poderem atracar.

Esses incidentes lembram a crise de 2015, quando milhares de rohingya foram abandonados no mar por contrabandistas, e um grande número deles morreu ao tentar chegar ao sudeste da Ásia.

A Força Aérea da Malásia disse ter avistado o barco de refugiados rohingyas na ilha de Langkawi.

Mais tarde, o barco foi intercetado pela marinha, que forneceu comida aos migrantes antes de os escoltar para fora das águas territoriais, de acordo com a Força Aérea.

A Malásia havia admitido alguns barcos de rohingyas desde a crise de 2015. No início de abril, 202 refugiados que chegaram de barco atracaram em Langkawi e foram detidos.

Este último desenvolvimento sugere que Kuala Lumpur mudou a sua atitude e agora quer fechar as suas fronteiras aos rohingyas.

Devido à pandemia do novo coronavírus, a Malásia estabeleceu uma contenção rigorosa em todo o país, onde mais de 5.000 casos de contágio e 80 mortos foram registados.

A cada ano, milhares de rohingya tentam fugir por via marítima para países do sudeste da Ásia a bordo de barcos precários e lotados, na esperança de uma vida melhor. Muitos deles desejam viver na Malásia, um país relativamente rico, com maioria muçulmana.

Nesta semana, cerca de sessenta rohingyas morreram num barco que transportava centenas de refugiados famintos, que haviam sido rejeitados pela Malásia e pela Tailândia.

O barco ficou a navegar na baía de Bengala por dois meses antes de ser resgatado pela guarda costeira do Bangladesh, disseram dois sobreviventes à agência de notícias AFP na quinta-feira. Cerca de 400 pessoas foram salvas.

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