Políticos brasileiros lamentaram na quinta-feira a exoneração do ministro da Saúde, no meio da pandemia da covid-19, e felicitaram Luiz Henrique Mandetta pelo trabalho desenvolvido na resposta.
"Em nome da Câmara dos Deputados, presto homenagem ao trabalho desenvolvido pelo ministro Mandetta à frente da Saúde brasileira nos últimos meses. A sua dedicação, trabalho, competência, capacidade de compreensão do problema, busca por soluções a partir do diálogo com toda a sociedade e com o parlamento trouxeram segurança, especialmente neste período de pandemia", escreveu na rede social Twitter o presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Rodrigo Maia.
Também o presidente do Congresso e do Senado do Brasil, Davi Alcolumbre, enalteceu o trabalho desenvolvido por Mandetta ao longo da pandemia, considerando que a sua saída do Governo "não é positiva".
"Luiz Henrique Mandetta foi um verdadeiro guerreiro na saúde pública no período em que esteve à frente do Ministério, especialmente no enfrentamento firme à covid-19. O seu trabalho responsável e dedicado foi irreparável. A sua saída não é positiva e será sentida por todos nós", indicou Alcolumbre, acrescentando esperar que o substituto de Mandetta atue igualmente "de forma vigorosa, de acordo com as melhores técnicas científicas".
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, exonerou na tarde de quinta-feira o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após várias semanas de confronto entre ambos em relação ao isolamento como medida para evitar a propagação do novo coronavírus.
O isolamento social é uma das medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para enfrentar a pandemia da covid-19, e foi defendida por Mandetta, contrariando a posição de Bolsonaro, que teme que a medida resulte em consequências negativas para a economia do país.
Para o lugar de Mandetta, que é médico ortopedista, Bolsonaro nomeou o oncologista Nelson Teich, com ambos a concordarem que não haverá uma "definição brusca" sobre o isolamento social.
Também o antigo Presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso não considerou positiva a saída de Mandetta, e afirmou que o "povo verá arrogância na demissão e não competência" na decisão de Bolsonaro.
"Demissão do ministro da Saúde em má hora. Ele estava na linha de frente da batalha pela vida. A economia conta, mas manter ou não a quarentena é decisão médica. O povo verá arrogância na demissão e não competência. O custo político se medirá pelo número de mortes. Tomara que não aumentem", escreveu no Twitter.
Já o adversário de Bolsonaro nas presidenciais de 2018 e candidato do Partido dos Trabalhadores Fernando Haddad aproveitou a alteração na tutela da Saúde para criticar o atual executivo.
"Em sua despedida, Mandetta defende a vida, o SUS [Sistema Único de Saúde] e a ciência. Três palavras incompatíveis com o atual Governo", defendeu o professor.
Também os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, que lideram os estados mais afetados pela covid-19 e adotaram medidas criticadas por Bolsonaro, enalteceram a conduta de Mandetta.
"A saída do Mandetta é uma perda para o Brasil. Agradeço o apoio e contribuição com o estado de São Paulo no combate à pandemia. Desejo êxito ao novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, e espero que siga procedimentos técnicos e atenda às recomendações da OMS", escreveu João Doria, governador de São Paulo, o estado mais rico e populoso do país.
Por sua vez, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que "entre a saúde dos brasileiros e a política, Jair Bolsonaro preferiu a política".
"Que Deus nos ajude. Parabéns pelo belo trabalho à frente do Ministério da Saúde, Mandetta. Nossa luta contra o coronavírus continua. Que o novo ministro siga as orientações da OMS", concluiu Witzel.
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, foi responsável nos anos 1990 pela fundação do Centro de Oncologia Integrado (Grupo COI), onde trabalhou até 2018. De setembro do ano passado até janeiro deste ano, prestou orientações à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde, segundo a imprensa local.
O Brasil ultrapassou na quinta-feira a barreira das 30 mil pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus, totalizando 30.425 casos confirmados e 1.924 óbitos desde o início da pandemia, informou o executivo.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 141 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.