O Diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário do Porto garante estar “extremamente orgulhoso dos médicos que representa”, dado o seu empenho, dedicação e sacrífico pessoal no combate à pandemia da COVID-19. O clínico não tem dúvidas de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) só conseguiu dar resposta à “grande afluência” de utentes às unidades de saúde graças aos seus profissionais que diariamente correm riscos na linha da frente e sofrem com o distanciamento inevitável da família e amigos. Há, inclusivamente, casos de famílias de médicos que se revezam para cuidar dos filhos.
Sendo a região norte do país a mais afetada até ao momento pela pandemia do novo coronavírus, António Araújo esclarece que estamos perante uma infeção nova, da qual temos ainda pouca informação, e que já forçou a muitas alterações nos procedimentos das unidades hospitalares. Todos os atos clínicos que podem ser adiados para mais tarde, isso tem sido feito, adianta o também Diretor de Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga. Porém, existem muitos outros que carecem de avaliação clínica que, na maior parte dos casos, requere uma consulta presencial para o médico ter a possibilidade de auscultar e avaliar o doente da melhor forma. Os riscos para os profissionais de saúde, sejam médicos ou enfermeiros, são elevados e os casos sucedem-se todos os dias.
Perante a hipótese, em discussão em outros países europeus, de aprovar um subsídio extra para os profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à pandemia no valor de 1500 euros mensais, o professor catedrático convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar diz que todo o dinheiro é bem vindo para os profissionais de saúde que já de si não ganham nada de especial, mas António Araújo tem uma visão diferente da questão remuneratória. Segundo o clínico o problema dos salários dos profissionais de saúde não pode ser visto como o dia da Mulher ou da Criança. Todos os dias deviam ser dias para os médicos e enfermeiros, concluiu.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje ao meio dia pela Direção Geral da Saúde, a região norte do país tinha a lamentar 355 mortos pela COVID-19 num total de 11 mil 237 infetados.