SAÚDE QUE SE VÊ

“A mais valia do SNS são as pessoas, os seus profissionais”, afirma António Araújo, Presidente da Secção Norte da Ordem dos Médicos, em entrevista exclusiva ao Canal S+.  

Canal S+ VD
16-04-2020 22:54h

O Diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Universitário do Porto garante estar “extremamente orgulhoso dos médicos que representa”, dado o seu empenho, dedicação e sacrífico pessoal no combate à pandemia da COVID-19. O clínico não tem dúvidas de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) só conseguiu dar resposta à “grande afluência” de utentes às unidades de saúde graças aos seus profissionais que diariamente correm riscos na linha da frente e sofrem com o distanciamento inevitável da família e amigos. Há, inclusivamente, casos de famílias de médicos que se revezam para cuidar dos filhos.

Sendo a região norte do país a mais afetada até ao momento pela pandemia do novo coronavírus, António Araújo esclarece que estamos perante uma infeção nova, da qual temos ainda pouca informação, e que já forçou a muitas alterações nos procedimentos das unidades hospitalares. Todos os atos clínicos que podem ser adiados para mais tarde, isso tem sido feito, adianta o também Diretor de Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga. Porém, existem muitos outros que carecem de avaliação clínica que, na maior parte dos casos, requere uma consulta presencial para o médico ter a possibilidade de auscultar e avaliar o doente da melhor forma. Os riscos para os profissionais de saúde, sejam médicos ou enfermeiros, são elevados e os casos sucedem-se todos os dias.

 

Perante a hipótese, em discussão em outros países europeus, de aprovar um subsídio extra para os profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à pandemia no valor de 1500 euros mensais, o professor catedrático convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar diz que todo o dinheiro é bem vindo para os profissionais de saúde que já de si não ganham nada de especial, mas António Araújo tem uma visão diferente da questão remuneratória. Segundo o clínico o problema dos salários dos profissionais de saúde não pode ser visto como o dia da Mulher ou da Criança. Todos os dias deviam ser dias para os médicos e enfermeiros, concluiu.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje ao meio dia pela Direção Geral da Saúde, a região norte do país tinha a lamentar 355 mortos pela COVID-19 num total de 11 mil 237 infetados.

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