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Óbito/Sepúlveda: Parlamento aprova voto pesar e destaca ativismo político do escritor

LUSA
16-04-2020 18:38h

A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade um voto de pesar, proposto pelo PAN, pela morte do escritor chileno Luís Sepúlveda, homenageando o seu legado também como ativista político e ambientalista.

Luis Sepúlveda morreu hoje, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da doença covid-19, confirmou a Porto Editora.

Na sessão plenária do parlamento português que decorre esta tarde, o PAN apresentou um voto de pesar pela morte de Luis Sepúlveda, que foi aprovado por todos os partidos e deputados.

“Nascido em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949, Luís Sepúlveda destacou-se como escritor, realizador, roteirista, jornalista, activista político e ambientalista”, enaltece.

A obra literária do escritor “conquistou em todo o mundo a admiração de milhões de leitores, com a distribuição de mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e a sua tradução em mais de 60 idiomas”, tendo a “inegável qualidade da sua obra” valido conjunto de reconhecimentos internacionais.

“O ativismo político também foi uma das marcas de Luís Sepúlveda, merecendo destaque a sua luta contra a ditadura de Augusto Pinochet no Chile, em nome da qual sofreu com uma pena de prisão por 3 anos e o exílio forçado da sua pátria”, refere ainda o mesmo voto.

Neste pesar proposto pelo PAN é ainda destacado o facto de Luís Sepúlveda ter sido “um ambientalista determinado”.

“Foi membro e correspondente da Greenpeace, defendeu um modelo de desenvolvimento sustentável, os direitos dos povos indígenas, a preservação da Amazónia. Participou ainda em diversas ações coletivas de defesa e consciencialização para a importância de priorizar a preservação do ambiente”, sublinha ainda.

A Assembleia da República manifestou assim “o seu pesar pelo falecimento de Luís Sepúlveda, presta homenagem ao legado” deixado e “apresenta sentidas condolências à sua esposa, aos seus filhos e aos seus amigos”.

Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.

A confirmação de que estava infetado com a covid-19 levou, na altura, o Correntes d'Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno.

Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem oficialmente qualquer registo de infeção em Portugal, o que só viria a acontecer a 02 de março.

Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 04 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com "Crónicas de Piedro Nadie" ("Crónicas de Pedro Ninguém"), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como "O Velho que Lia Romances de Amor" e "História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar".

Luis Sepúlveda tem toda a obra publicada em Portugal - alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país.

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