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Covid-19: PR de Cabo Verde não descarta possibilidade de ano escolar terminar já

LUSA
16-04-2020 18:35h

O Presidente de Cabo Verde não descarta a possibilidade de o ano escolar terminar de imediato, apesar de as condições de reabertura das escolas estarem dependentes do evoluir da pandemia de covid-19 no arquipélago nos próximos dias.

“Qualquer decisão sobre a continuidade deste ano letivo atípico – através da reabertura das escolas ou através do ensino à distância ou mesmo sobre o término imediato do ano escolar e sobre os métodos de avaliação e classificação - deverá ser tomada tendo em conta as condições técnicas e humanas dos alunos e dos professores e as eventuais dificuldades logísticas”, afirmou hoje Jorge Carlos Fonseca.

Numa mensagem à nação, em que anunciou que vai pedir ao parlamento a prorrogação do estado de emergência em todo o arquipélago (declarada desde 29 de março), para vigorar neste segundo período até 02 de maio nas ilhas com casos de covid-19 confirmados (Boa Vista, Santiago e São Vicente) e até 26 de abril nas restantes, sem casos, o chefe de Estado sublinhou que deixa as condições criadas para uma decisão do Governo nos próximos dias.

“A pandemia de covid-19 obrigou-nos ao encerramento das escolas e ainda falta um período para terminar este ano letivo [2019/2020]. O evoluir da situação ditará nos próximos dias as decisões do Governo sobre esta matéria. Sendo o direito de aprender e de ensinar componentes fundamentais do direito à educação, no meu decreto presidencial [com prorrogação do estado de emergência, enviado à Assembleia Nacional] deixei todas as possibilidades que poderão ser usadas para garantir que ninguém fique prejudicado”, afirmou Jorge Carlos Fonseca.

O Governo cabo-verdiano ativou em março o Plano Nacional de Contingência para Covid-19, prevendo como medida preventiva a antecipação do início do período de férias da Páscoa para 23 de março, em todo o arquipélago. Desde então, com a declaração do estado de emergência em vigor desde 29 de março e agora prorrogada, as escolas de Cabo Verde não voltaram a abrir, tendo o Governo admitido, entretanto, a possibilidade de reinício das aulas através de um modelo de telescola.

“O importante é que as decisões tomadas não deixem ninguém para trás”, enfatizou o chefe de Estado na mensagem de hoje.

Cabo Verde cumpre hoje 19 dias, de 20 previstos (primeiro período termina às 24:00 de sexta-feira), de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.

Na mensagem à nação, Jorge Carlos Fonseca assumiu estar “perfeitamente consciente das condições gravosas” que representa a prorrogação do estado de emergência e o que acarreta a paragem de “quase toda a atividade económica" para "a atividade do país e para o rendimento das famílias”.

Também sublinhou que as previsões para a economia global e para Cabo Verde, feitas por várias instituições internacionais, apontando que o arquipélago, dependente do turismo, deverá passar de um crescimento económico acima dos 6% em 2019 para uma recessão de 4 a 5% em 2020, “são muito más”.

“Vai ser doloroso para todos nós. Mas, meus amigos, tudo isto será bem pior se descorarmos o recurso mais importante e valioso que Cabo Verde sempre teve: as pessoas”, apontou o chefe de Estado.

Cabo Verde conta até ao momento com 55 casos confirmados de covid-19 no arquipélago, um dos quais levou à morte do doente e outro já foi considerado recuperado. Deste total, três registaram-se na ilha de Santiago e um na ilha de São Vicente.

Os restantes 51 foram registados na Boa Vista, sendo que além dos 50 naquele hotel, foi confirmado ainda em março outro caso, de uma turista dos Países Baixos.

O chefe de Estado insistiu, na mensagem, que depois de passar esta fase, em que a prioridade são as medidas de proteção para travar a pandemia e salvar vidas, a atividade económica será retomada: “Todas a nossas empresas, ou a maioria esmagadora delas, voltarão a funcionar e terão pessoas para trabalhar nelas, e motivadas para trabalhar. Apenas salvaremos a economia se salvarmos as pessoas”.

E insistiu: “Esta paralisação não é um tempo perdido. É um tempo para evitar que mais à frente tudo paralise ou caia por falta de pessoas saudáveis para trabalhar. A forma como lidarmos com esta pandemia e o menor número de casos de doença que tivermos são também fator de confiança no país e a confiança na vida saudável da população atrairá investimento externo, reviverá o turismo, tornará o nosso país num país de risco menor para voltar a ser visitado pelos nossos amigos e pelos estrangeiros”.

Dirigindo-se aos homens e mulheres de negócio, dos grandes aos pequenos empresários, passando pela economia informal ou pelos vendedores de rua, atividades praticamente paralisadas há mais de duas semanas, o Presidente deixou a mensagem: “Não desanimem. Os vossos projetos poderão ser todos retomados. Retomados gradualmente, desde que nos preparemos para o efeito. E temos de o fazer já e estamos já a fazê-lo, com lucidez e inteligência”.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.

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