O Presidente russo Vladimir Putin decidiu hoje adiar a parada militar anual do 09 de maio que celebra o 75.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi devido à pandemia de covid-19, o segundo grande acontecimento anulado pelo Kremlin.
“Os riscos relacionados com a epidemia, cujo pico ainda não foi atingido, são extremamente elevados e não tenho o direito de iniciar os preparativos da parada e outras festividades”, declarou Putin no decurso de uma reunião com o Conselho de segurança e transmitida pela televisão.
Esta adiamento segue-se à decisão de Putin em adiar uma votação nacional prevista para este mês sobre as alterações constitucionais que lhe permitirão, caso pretenda, permanecer no poder até 2036.
O plebiscito e as celebrações do Dia da Vitória dominavam desde há meses a agenda política do Kremlin, e a decisão sobre a suspensão das duas iniciativas ocorreu após várias semanas de expectativa.
Putin ordenou uma interrupção parcial das atividades económicas até 30 de abril e recentemente pediu aos responsáveis oficias que se preparem para os cenários “mais extraordinários” da epidemia, e quando o número de pessoas infetadas na Rússia cresceu exponencialmente.
Desde o período soviético que o Dia da Vitória, celebrado a 09 de maio, se mantém como o feriado mais respeitado, num reflexo do enorme número de baixas e de sacrifícios no decurso da Segunda Guerra Mundial.
Os números oficiais indicam que 27 milhões de russos foram mortos no conflito, mas diversos historiadores consideram que o balanço pode ser mais elevado.
Os Presidentes da China, Xi Jinping, e da França, Emmanuel Macron, e outros líderes estrangeiros tinham prometido comparecer na parada deste ano, que envolveria 14.000 tropas e 300 veículos militares, numa massiva demonstração do poderio militar russo.
As forças militares russas já tinham iniciado os preparativos e treinos para a parada numa região dos arredores de Moscovo, que estava a ser configurada para se assemelhar à Praça Vermelha.
O Kremlin considera as celebrações da Praça Vermelha como uma oportunidade para sublinhar o vital envolvimento da Rússia na derrota da Alemanha nazi, e reafirmar a sua influência à escala internacional.
Seria ainda um importante fator político para a Rússia, que permanece sob sanções da União Europeia e dos Estados Unidos na sequência da anexação da península da Crimeia em 2014.
Apesar de não ser admissível um rápido levantamento das sanções, o Kremlin esperava que a presença de Macron, e eventualmente de outros líderes ocidentais, nas celebrações do 09 de maio poderia fornecer a oportunidade para a normalização de relações.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.