SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Embaixador dos EUA nega que China esteja a bloquear equipamento médico

LUSA
15-04-2020 12:01h

O embaixador norte-americano na China recusou hoje que Pequim esteja deliberadamente a bloquear a exportação de equipamento médico usado no combate à pandemia de Covid-19 mas admitiu preocupação na forma com Pequim geriu inicialmente o surto.

Terry Branstad defendeu que a prioridade agora é "salvar vidas e ajudar a população" dos Estados Unidos, apontando que as dúvidas sobre a forma como o regime chinês lidou com a crise devem ser debatidas depois de a pandemia ter sido controlada.

As autoridades chinesas têm sido acusadas de terem adiado o alerta público, inicialmente, permitindo que o vírus se alastrasse nos dias anteriores ao Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, e a maior migração interna do planeta.

A China negou veementemente as alegações, alegando que forneceu consistentemente informações precisas e oportunas.

Segundo Branstad, os diplomatas dos EUA e funcionários locais dos serviços diplomáticos conseguiram fretar já 21 aviões em nome da Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA, para além de vários outros voos fretados por particulares, para transporte de equipamento médico.

O diplomata norte-americano admitiu que houve uma desaceleração no fornecimento de máscaras, ventiladores ou fatos de proteção, mas ressalvou que se deverá à implementação de padrões de qualidade mais rigorosos pela China, após vários países terem reclamado sobre equipamento defeituoso importado da China.

"Conseguimos resolver vários problemas. Estamos apenas a tentar encontrar uma maneira viável de proceder", disse Branstad.

O diplomata considerou que a conversa por telefone, em 27 de março passado, entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo chinês, Xi Jinping, foi "realmente útil".

"Sinto-me bem com isso e sinto que, sim, eles querem fazer cumprir as suas leis e regulamentos [...] estamos a tentar comunicar que vamos usar algum senso comum e que se [o equipamento] for aprovado pelos reguladores norte-americanos e empresas como a 3M, não faz sentido retê-lo quando nos sentimos confiantes de que atendem aos nossos requisitos de qualidade", explicou.

As remessas para os EUA começaram depois de a procura ter abrandado na China, ao longo das últimas semanas, à medida que o país controlou o surto.

A China registou hoje 46 novos casos de infeção, entre os quais 36 oriundos do exterior.

"Agora, com a procura doméstica chinesa de equipamentos de proteção individual a recuar para níveis mais normais, a prioridade mais urgente da nossa missão é ajudar a obter [equipamentos de proteção individual] e equipamentos médicos para os Estados Unidos, o mais rápido possível ", disse Branstad.

A cooperação chinesa, tanto no fornecimento de equipamento como na implementação da primeira fase de um acordo que visa pôr fim à guerra comercial entre os dois países, "pode realmente ajudar a aliviar" o atrito entre Pequim e Washington, disse Branstad.

"Espero que, devido à cooperação no combate ao vírus, e também, é claro, à primeira fase do acordo comercial, que haja um melhor relacionamento daqui para frente '', afirmou o diplomata.

"Somos dois grandes países, as duas maiores economias do mundo. Os nossos sistemas são muito diferentes e vão existir sempre certas áreas de tensão e conflito ", admitiu.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O número total de infetados na China desde o início da pandemia é de 82.249, dos quais 3.341 morreram e, até ao momento, 77.738 pessoas tiveram alta.

Os Estados Unidos são o país que regista o maior número de mortes, contabilizando 25.757 até hoje, e o que tem mais infetados, com mais de 600 mil casos confirmados.

MAIS NOTÍCIAS