O PAN defendeu hoje uma reforma do acesso ao ensino superior, para que não se baseie apenas nas notas, e considerou que a solução encontrada de os alunos apenas realizarem exames específicos é “um passo positivo” nesse sentido.
Em declarações à agência Lusa no final de uma reunião por meio digital com a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), a deputada Bebiana Cunha apontou que este é “o momento para começar a trazer a discussão do modelo de acesso ao ensino superior”.
Na ótica do PAN, o acesso não deve ser baseado “apenas na realização de exames”, mas com recurso a um “portfólio, a entrevistas, avaliando a história de vida, as competências, as experiências e as ferramentas adquiridas” pelos alunos que se candidatam.
Com esta proposta, o partido pretende que as “instituições de ensino superior tenham um papel mais ativo na escolha dos seus candidatos” e que o acesso às universidades e politécnicos não seja uma questão que se resuma “apenas a décimas de médias”.
Bebiana Cunha salientou que vários países já optam por concursos de acesso deste género, e questionou “porque é que Portugal ainda permanece neste modelo, a valorizar médias e exames nacionais”.
A deputada ressalvou que isto é “algo que não se vai resolver este ano” letivo, e por isso não abrangerá os alunos que se candidatam ao ensino superior dentro de poucos meses, mas adiantou que esta é “uma discussão que o PAN quer lançar”.
Considerando que este é “um debate que deve ser feito”, Bebiana Cunha assinalou que o partido vai propô-lo brevemente.
Questionada sobre a decisão do Governo de que os alunos do ensino secundário apenas precisam de fazer os exames às disciplinas específicas pedidas pelos cursos nos quais pretendem ingressar, deixando estas provas de influenciar as suas notas, Bebiana Cunha considerou que este é um “passo positivo para se refletir sobre o modelo de acesso ao ensino superior”.
“Era necessário encontrar uma solução para o ano não ser perdido, essa era a nossa principal preocupação, as pessoas não ficarem com as vidas em suspenso”, acrescentou.
Na ótica do PAN, “o que se conseguiu foi uma solução intermédia, de compromisso que apenas leva a que os alunos façam os exames de acesso ao ensino superior”, o que resulta num “descolar da conclusão do ensino secundário à ingressão no superior”.
Na reunião com a Confap, o partido abordou as suas propostas no âmbito da pandemia de covid-19, algumas já chumbadas pela Assembleia da República, mas relativamente às quais o PAN assegura que vai insistir.
Entre elas, o partido defende uma “linha de crédito sem juros às famílias que têm de pagar mensalidades em instituições de ensino” cooperativo e privado, que “só poderiam exigir cobrança de mensalidades quando garantido o ensino à distância e as aprendizagens”.
“Iremos insistir, pelo menos em famílias com dependentes que estejam no primeiro ciclo, na necessidade de estar garantido o apoio à família, mesmo quando um dos progenitores esteja em teletrabalho”, vincou a deputada.
No que toca à educação inclusiva, Bebiana Cunha pediu “mais proximidade” entre educadores, professores e famílias, para que as possam orientar, e seja garantido “o acesso destas crianças à educação”.
Outra das propostas do Pessoas-Animais-Natureza passa por uma negociação entre o Governo e as empresas de telecomunicações, com vista à criação de um “pacote especial para as famílias, com preço mais reduzido” e que “seria aplicado à educação”.
Quanto ao ensino profissional e artístico, e aos alunos que têm um estágio incluído no plano curricular, o PAN pede uma “solução para que possam concluir o secundário” e “não percam o ano”.
Portugal, que registou os primeiros casos confirmados de covid-19 a 02 de março, registou hoje 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira, e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514, segundo o último balanço da Direção-Geral da Saúde.