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Covid-19: Guiné-Bissau nomeia Aladje Baldé comissário para o combate à doença

LUSA
11-04-2020 13:48h

As autoridades guineenses nomearam Aladje Baldé, reitor da universidade Jean Piaget de Bissau, alto-comissário para o combate ao novo coronavírus, e o académico prometeu que vai trabalhar para que as pessoas sejam diagnosticadas e tratadas.

"A minha função é garantir que qualquer pessoa que tenha este problema, que teve contacto com alguém que tenha esse problema, seja diagnosticada e se for positivo isolada e tratada", disse Aladje Baldé, em declarações à agência Lusa.

O alto-comissário para a covid-19 enfatizou que a sua tarefa principal "é garantir que a máquina funcione", nomeadamente os laboratórios de análises clínicas, tanto em Bissau, como os do interior do país, que, frisou, ainda não estão em funcionamento.

Aladje Baldé, de 55 anos, doutorado em biotecnologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, anunciou à Lusa que "muito brevemente" vai trabalhar para que os laboratórios de Buba, Bafatá, Canchungo e Mansoa comecem a fazer exames.

O alto-comissário contra a covid-19 disse, no entanto, que até ao momento o laboratório nacional da Saúde Pública em Bissau tem capacidade de resposta, por estar a receber diariamente até 50 amostras, quando tem condições para testar de uma única vez 94 amostras a cada cinco horas.

Dada a sua formação em biotecnologia, Aladje Baldé liderou a equipa guineense que produziu no laboratório de Bissau alguns componentes que estavam em falta para proceder às análises clínicas.

"Qualquer pessoa formada em biotecnologia está habilitada para fabricar esses reagentes que estavam em falta", declarou Aladje Baldé, sublinhando que a sua fórmula foi partilhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com outros países africanos em dificuldades da mesma natureza.

O alto-comissário contra a covid-19 na Guiné-Bissau disse estar satisfeito com a estratégia em vigor no país, salientando que no início "as coisas não estavam a andar bem, por falta de encadeamento das decisões", o que, afirmou, já foi ultrapassado com a coordenação das ações.

Aladje Baldé observou que não devem ser segredo para ninguém "as fragilidades do sistema de saúde" da Guiné-Bissau, mas também notou que "nenhum país do mundo estava preparado para lidar com a doença".

Baldé afirmou que, pelas informações de que dispõe, nenhum dos infetados até aqui requer internamento.

"O nosso inimigo maior não é o vírus […], o nosso inimigo maior é o contacto pessoa a pessoa, através de aglomerações. Se conseguirmos acabar com isso, vamos cortar a cadeia de transmissão", defendeu o alto-comissário contra a covid-19.

Aladje Baldé não sabe dizer quando é que a Guiné-Bissau atingirá o pico da doença e nem quando o país poderá derrotar a pandemia, mas está confiante que se a população respeitar as medidas de confinamento social com rigor "o problema será facilmente resolvido".

O reitor da universidade Jean Piaget desde 2014 faz parte de uma ampla estrutura de coordenação da estratégia nacional guineense de luta contra a pandemia do novo coronavírus, o Centro Operacional de Emergência de Saúde (COES).

No âmbito do combate à covid-19, as autoridades guineenses declararam o estado de emergência e o encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas no país, sendo estas medidas acompanhadas de um conjunto mais amplo de restrições, a exemplo do que já acontece em muitos outros países africanos.

Entre as restrições impostas destaca-se a que só permite que as pessoas circulem entre as 7 e as 11 da manhã.

A população tem igualmente sido incentivada a usar máscaras nas suas deslocações aos mercados para comprar alimentos e a criar as suas próprias máscaras de proteção, tendo em conta o custo elevado deste material.

De acordo com os últimos dados, a Guiné-Bissau regista 38 casos confirmados de covid-19, sendo 58% homens e 42% mulheres, quase todos concentrados na capital, enquanto aguarda o resultado de análises feitas a vários casos considerados suspeitos.

Entretanto, três casos já foram dados como recuperados.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África é de 693 e estão registados 12.973 casos em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.

A pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) já matou cerca de 103.000 pessoas em todo o mundo e infetou mais de 1.700.770 em 193 países e territórios.

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