O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou hoje que a União Europeia “está a reagir tarde” à pandemia de covid-19 e a “apoiar com pouco”, criticando o acordo do Eurogrupo por ter ficado “aquém das expectativas”.
“A União Europeia atravessa a maior catástrofe global da sua história e, para problemas globais, existem soluções globais, como o CDS defende desde a primeira hora. Na opinião do CDS, a União Europeia está a reagir tarde e a apoiar com pouco, o equivalente a um montante inferior a uma prestação do período da ‘troika’, cujo âmbito está limitado apenas a despesas com a saúde”, salientou o líder centrista.
Através de um vídeo divulgado à comunicação social, Rodrigues dos Santos considera que “este acordo está aquém das expectativas quando estava em cima da mesa a emissão de ‘coronabonds’ e a mutualização de dívida, instrumentos que muito ajudariam a minimizar o impacto negativo desta crise na economia dos estados-membros”.
Para o presidente do CDS, “a gestão desta crise é um teste de vida à União Europeia e uma excelente oportunidade para afirmar o valor da solidariedade e da cooperação, que afundaram”, e os países recuperam juntos ou caem “sem separado”.
Por isso, “a União Europeia não pode falhar aos Estados-membros e Portugal não pode falhar aos portugueses”, vincou, defendendo “um plano de recuperação económico, que permita injetar liquidez na economia e efetuar um choque de tesouraria nas empresas”.
Para tal, “o CDS vem propondo que seja iniciada a emissão de um cheque de emergência para apoiar pequenas e médias empresas, para que os profissionais liberais tenham acesso a uma prestação social extraordinária”, notou Francisco Rodrigues dos Santos, evidenciando ainda a proposta de um “sistema de garantia público de apoio às empresas” e de um “regime de isenções fiscais”.
Na quinta-feira, e após uma reunião de cerca de 20 horas (que começou na terça-feira e esteve interrompida), o Eurogrupo aprovou a proposta apresentada em 02 de abril passado pela Comissão Europeia de um instrumento temporário, o "Sure", que consistirá em empréstimos concedidos em condições favoráveis pela UE aos Estados-membros, até um total de 100 mil milhões de euros, com o objetivo de ajudar os Estados a salvaguardar postos de trabalho através de esquemas de emprego temporário.
Para as empresas, a solução passa pelo envolvimento do Banco Europeu de Investimento (BEI), através de um fundo de garantia pan-europeu dotado de 25 mil milhões de euros, que permitirá mobilizar até 200 mil milhões de euros suplementares para as empresas em dificuldades, sobretudo pequenas e médias empresas.
Aprovadas foram também linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da zona euro, destinadas a cobrir custos direta ou indiretamente relacionados com a resposta a nível de cuidados de saúde, tratamento e prevenção da covid-19.
O Eurogrupo acordou ainda a criação de um fundo de recuperação após a crise gerada pela covid-19, mas pediu aos líderes europeus para decidirem "o financiamento mais apropriado", se através da emissão de dívida ou de "formas alternativas".
Sobre esta última questão, Von der Leyen garante no Twitter que "a Comissão Europeia irá responder ao apelo [feito pelo Eurogrupo] para uma ação decisiva através de um plano de recuperação e de um quadro financeiro plurianual reforçado", isto em "cooperação com o presidente do Conselho Europeu", o belga Charles Michel.
Caberá agora aos líderes europeus, que se deverão reunir nos próximos dias, acordar os detalhes deste fundo de recuperação, desde logo as fontes de financiamento, os aspetos jurídicos e ainda a sua relação com o orçamento europeu.
A pandemia do novo coronavírus já matou 96.340 pessoas em todo o mundo e infetou quase 1,6 milhões em 193 países e territórios desde o início da pandemia, em dezembro passado, na China.