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Covid-19: Estudantes deslocados em São Miguel pedem medidas para voltarem a casa

LUSA
10-04-2020 15:51h

Um grupo de estudantes deslocados em São Miguel pediu ao Governo Regional que tome medidas que os permita regressar a casa face às limitações nas deslocações devido à covid-19, disse hoje a Associação Académica da Universidade dos Açores.

"É uma questão de dar voz aos estudantes e pedir que o Governo [Regional] reaja e tome medidas para colmatar as necessidades dos estudantes, para que os alunos se possam reunir com as suas famílias o mais rapidamente possível", avançou à agência Lusa a presidente da Associação Académica da Universidade dos Açores (AAUA), Daniela Faria.

A AAUA enviou uma missiva ao presidente do executivo regional, Vasco Cordeiro, pedindo para que se promova o regresso a casa de alunos naturais de várias ilhas dos Açores, da Madeira e do continente, que se encontram em São Miguel.

No documento, a que a Lusa teve acesso, a AAUA anexa uma carta de um grupo de estudantes deslocados que se dizem "sem data de regresso prevista" a casa e sugerem a realização de um "voo extraordinário da SATA" ou de "um avião C295" da Força Aérea.

"A não adoção de uma medida que permita a rápida reunificação familiar dos estudantes deslocados em São Miguel constitui uma forma de tratamento desigual relativamente aos colegas que já regressaram do continente e continuam a regressar, nos voos realizados pela TAP", assinala o grupo de alunos deslocados.

Os estudantes defendem que deveriam ter a oportunidade de "realizar o período de quarentena nas instituições hoteleiras designadas para tal" nas "respetivas ilhas" de origem, tal como foi decretado a todos os passageiros que chegam a São Miguel.

Na carta, os alunos chamam a atenção para o facto de a residência universitária em Ponta Delgada se encontrar apenas ocupada pelos estudantes e pelo segurança noturno desde 16 março.

"Os alunos é que estão na portaria, na lavandaria e a ser responsáveis pela limpeza de desinfeção dos espaços de isolamento, os quais deveriam estar a ser limpos por serviços fornecidos por uma empresa de limpeza", frisam.

Os alunos realizaram um formulário para recolher assinaturas de todos os estudantes deslocados retidos em São Miguel, não tendo sido, contudo, "possível recolher as assinaturas por escrito de todos", devido às limitações de circulação na ilha.

Nesse formulário, a Lusa verificou a existência de 23 estudantes inscritos, sendo 22 da Universidade dos Açores e um da escola profissional EPROSEC.

Dos estudantes inscritos, quatro são naturais da ilha Terceira, cinco são do Faial, quatro de São Jorge, um do Pico, quatro da Madeira, dois de Lisboa, um de Braga, um de Mirandela e outro de Brasília, no Brasil.

No formulário está também o registo de uma mãe de uma aluna deslocada que teve o seu voo para a Terceira cancelado, depois de ter vindo a São Miguel prestar auxílio à filha, que se encontrava com um problema de saúde.

A presidente da Associação Académica avançou ainda que uma "parte significativa" destes alunos viu o seu pedido de deslocação indeferido pela Autoridade de Saúde Regional.

Em 19 de março, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, determinou a suspensão das ligações aéreas das empresas do grupo SATA entre todas as ilhas da região e entre a região e o exterior, exceto os voos de transporte de carga ou casos de força maior

A Autoridade de Saúde dos Açores informou hoje que nas últimas 24 horas não foram registados novos casos de covid-19, mantendo-se o número de infetados em 84, com três mortos registados desde o começo da pandemia.

A pandemia do novo coronavírus já matou 96.340 pessoas em todo o mundo e infetou quase 1,6 milhões em 193 países e territórios desde o início da pandemia, em dezembro passado, na China.

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