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Covid-19: Centro Hospitalar de Lisboa Central garante “máxima segurança” nas seis unidades

09-04-2020 19:46h

As diferentes unidades do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) oferecem "máxima segurança" na assistência aos doentes crónicos, apesar da pandemia da covid-19, assegurou hoje a presidente Rosa de Matos num ofício enviado a um grupo de transplantados.

"Este Centro Hospitalar é integrado por seis unidades hospitalares [Curry Cabral, D. Estefânia, Santo António dos Capuchos, São José, Santa Marta e Maternidade Alfredo da Costa], todas elas de enorme qualidade técnica, e dois deles que integram, desde o início da situação que vivemos, a primeira linha de tratamento dos doentes covid", lê-se no documento assinado por Rosa Valente de Matos, presidente do conselho de administração do CHULC.

Na resposta a uma carta enviada pelo Grupo de Transplantados do HCC, a responsável realçou que, "sendo estas unidades autónomas e separadas geograficamente, estão garantidas as condições para que os doentes oncológicos, com doenças crónicas ou com necessidades específicas, como é o caso dos doentes transplantados […], possam manter os tratamentos, o acompanhamento e as cirurgias em condições de máxima segurança".

Para tal, Rosa Valente de Matos informou que "estão a ser já criadas as condições para que, no Hospital de Santa Marta, atualmente a unidade de referência para a transplantação pulmonar e cardíaca, se assegure, se necessário e transitoriamente, também a transplantação renal, do fígado e do pâncreas, e o acompanhamento dos doentes transplantados".

Isto, "caso se verifique um aumento substancial dos doentes covid que impeça a manutenção destas atividades no Hospital Curry Cabral", vincou.

De resto, a presidente do CHULC assinalou que, durante o período de duração da pandemia, "é indispensável" aos centros hospitalares criar planos de contingência que permitam assegurar o tratamento das situações urgentes, emergentes e inadiáveis.

E também apontou para a necessidade de permitir que "sejam criados circuitos assistenciais para doentes com e sem covid-19, de forma a que seja aumentada a capacidade assistencial sem pôr em risco a segurança dos doentes, sob pena de terem de ser interrompidas atividades essenciais".

Hoje, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, assegurou que a saída de serviços do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, por causa da pandemia da covid-19, só vai acontecer "de acordo com a evolução do surto e se vier a ser necessário".

Por seu turno, o Hospital Curry Cabral admitiu hoje cancelar a transferência dos serviços de transplante hepático, devido ao abrandamento da evolução da covid-19, mas informou não ter recebido o pedido de demissão do diretor daquele serviço.

"A covid-19 está a ter uma evolução lenta e controlada, bastante mais lenta e controlada do que se estava a imaginar há uma semana, o que significa dizer que a necessidade de transferência de serviços pode, inclusivamente, não se verificar", disse à Lusa fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC).

A este respeito, a Ordem dos Médicos (OM) também tinha alertado hoje para a falta de resposta aos doentes prioritários não covid-19, que diz estarem a ser relegados para segundo plano, em áreas que "não podem esperar" como a oncologia ou os transplantes.

Já o diretor do Serviço de Cirurgia Geral e Transplantação do Hospital Curry Cabral, Américo Martins, que apresentou a demissão na quarta-feira, disse hoje à Lusa que o Conselho de Administração deve aceitar o plano de reorganização que os médicos apresentaram.

"Tem de haver um recuo por parte da Administração até pela dimensão do apoio que estamos a ter: os doentes transplantados já fizeram uma petição ao Presidente da República e ao Governo e a nível interno os cirurgiões estão todos unidos contra o Conselho de Administração. Só têm uma alternativa, têm de recuar", afirmou o cirurgião, sublinhando total incompreensão sobre a posição do conselho.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).

Dos infetados, 1.173 estão internados, 241 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 205 doentes que já recuperaram.

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