A Câmara de Lisboa rejeitou hoje, com os votos contra de PS, PCP e BE, uma moção do PSD que recomendava o uso generalizado de máscaras nas situações de “interação social” por quem vive, trabalha e visita a cidade.
A moção apresentada pelo vereador do PSD João Pedro Costa, que teve os votos favoráveis dos sociais-democratas e do CDS-PP, propunha ainda que, devido à pandemia de covid-19, fosse garantido o acesso generalizado a máscaras de proteção a “preço tabelado entre intervalos regulados”, assegurando a existência de ‘stocks’ para os trabalhadores da primeira linha de combate ao surto “através da mobilização do setor empresarial e académico e junto do Governo”.
Para o PSD, o uso generalizado de máscaras nas situações de “interação social” deveria em particular ocorrer em espaços onde os lisboetas e quem trabalha e visita a cidade estivessem “em proximidade com outras pessoas”.
A moção do PSD previa ainda a promoção das “boas práticas no uso das máscaras de proteção”, com uma ampla divulgação das normas de correta utilização, “bem como a indicação de que estas, por si só, não asseguram a proteção” contra o novo coronavírus e que devem ser usadas como complemento a outras ações de cada cidadão, como a lavagem frequente das mãos e o distanciamento físico.
No texto, a que a Lusa teve acesso, o PSD refere que a Direção-Geral da Saúde (DGS) começou por emitir recomendações para a não utilização generalizada de máscaras, “contrariando as orientações de diversos especialistas e académicos, do US Center for Disease Control and Prevention, bem como a prática dos países com sucesso nesta fase, como foram a Coreia do Sul, Macau, Áustria ou a República Checa”.
Contudo, é acrescentado, mais recentemente, a DGS admitiu "uma alteração possível" ao critério de utilização.
O PSD argumenta que “o uso de máscaras poderá ter um impacto importante no combate à disseminação da doença, principalmente numa ótica de proteção dos outros e não tanto na ótica de proteção individual”.
“A cidade de Lisboa assume características particulares, que aumentam as ocorrências de interação social, por ser uma plataforma de mobilidade nacional e internacional (aérea, naval, ferroviária e rodoviária), pela sua função de capital e centro empresarial (concentrando diversos serviços públicos e sedes de empresas), pela densidade populacional, pelo dinamismo empreendedor, cultural, social, pela atratividade turística, entre outras”, salientam os sociais-democratas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil. Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).
Dos infetados, 1.173 estão internados, 241 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 205 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado no dia 02 de abril na Assembleia da República.