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Covid-19: Confinamento total em campos de refugiados rohingya no Bangladesh

LUSA
09-04-2020 11:37h

Um "confinamento total" para combater a pandemia de covid-19 foi imposto no distrito de Cox's Bazar, no sudeste do Bangladesh, onde quase um milhão de rohingyas vivem no maior campo de refugiados do mundo, anunciaram hoje as autoridades.

Desde quarta-feira à noite, a área foi "colocada em total confinamento - sem entrada, sem saída - até que a situação melhore", de acordo com uma diretiva oficial.

Os especialistas estão preocupados com a devastação que o novo coronavírus pode causar nesses campos de refugiados que abrigam centenas de milhares de membros dessa minoria muçulmana perseguida no vizinho Myanmar (antiga Birmânia), de onde fugiram.

"Apenas a distribuição emergencial de alimentos e serviços médicos podem continuar a operar nos campos, com a máxima cautela", disse à agência de notícias AFP Mahbub Alam Talukder, comissário do Bangladesh para os refugiados.

Sob essas condições, as agências humanitárias reduziram a sua força de trabalho junto dos rohingyas em 80%.

"Não deixamos entrar nos campos ninguém com histórico de viagem recente, a menos que tenha completado um período de quarentena completo. (Trabalhadores humanitários) são proibidos, a menos que seja absolutamente necessário", disse Mahbub Alam Talukder.

Nenhum caso foi registado oficialmente nos 34 campos de refugiados da região, mas um caso confirmado foi detetado a cerca de 40 quilómetros de distância.

Atualmente, o Bangladesh tem 218 casos confirmados do novo coronavírus e 20 mortos.

A polícia e os militares montaram hoje barreiras nas principais estradas do distrito de Cox's Bazar, que tem uma população de 3,4 milhões - incluindo um milhão de rohingyas. Também realizaram patrulhas ao redor e dentro dos campos de refugiados.

Cerca de 740.000 muçulmanos rohingya fugiram em 2017 de uma brutal campanha militar em Myanmar, país com uma maioria budista, indo para uma região fronteiriça no Bangladesh, somando-se aos quase 200.000 refugiados rohingya que já moravam lá em condições de extrema pobreza.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 87 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 280 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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