SAÚDE QUE SE VÊ

Câmara de Valpaços substituiu-se ao Estado para ter hospital

LUSA
23-10-2019 18:03h

O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, disse hoje que, para prestar serviços de saúde e proximidade aos cidadãos do concelho, teve de se substituir ao Estado e suportar os custos da construção de um hospital.

“Se Valpaços quer um hospital que possa ter consulta de pediatria e outros serviços, teve o município e a Santa Casa da Misericórdia (SCM) local suportar os custos com a construção de um hospital, substituindo-nos ao Estado”, adiantou à Lusa o autarca.

Questionado sobre os serviços de saúde no concelho no distrito de Vila Real, Amílcar Almeida lembrou que nos grandes centros urbanos, como Lisboa ou Porto, há dinheiro para hospitais, travessias e aeroportos, mas, no interior, se a população quer um hospital, “é necessário o investimento de cerca de dois milhões de euros por parte da autarquia e outros dois milhões por parte da SCM”.

“Isto tudo para poder oferecer serviços de saúde de proximidade aos munícipes”, vincou.

O Hospital de Valpaços, encerrado desde 2011, está a sofrer obras de remodelação e ampliação e tem abertura prevista até ao final do ano.

“Aguardamos, com alguma ansiedade, para poder abrir o hospital até ao final do ano”, realçou.

Como valências, além do uma unidade de cuidados continuados, fisioterapia, bloco operatório e serviço de imagiologia, entre outras, está previsto um serviço de urgência até às 24:00, que apesar de não ser “completamente satisfatório” irá permitir “resolver grande parte dos problemas” da população.

Para o autarca social-democrata, “há uma grande diferença entre quem vive no litoral e no interior” e está a “tomar proporções cada vez maiores”.

"Um cidadão do interior, que é tributado da mesma forma, não tem culpa de querer viver no interior, onde tem os seus bens e interesses económicos, pois nem todos querem viver na selva", acrescentou.

“Quem está na cidade do litoral, tem os serviços de saúde à porta e quem está no interior põe em causa a sua própria vida”, alertou Amílcar Martins, defendendo ainda uma posição conjunta dos vários responsáveis pela defesa do interior.

Considerando que a culpa é “exclusiva do Estado, que nada faz para combater as assimetrias”, Amílcar Almeida alerta que, desta forma, “daqui a 50 anos poucas pessoas vão viver no interior”.

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