O novo dono do grupo de medicina dentária Malo Clinic, o fundo Atena, anunciou terça-feira disponibilidade para investir até 15 milhões de euros, dos quais quatro milhões em curso, e ao nível internacional apostar no turismo de saúde.
Em julho passado foi iniciado um Processo Especial de Revitalização (PER) da empresa, com o apoio do maior credor das dívidas do grupo, o Novo Banco, permitindo a entrada da Atena Equity Partens, que ficou assim com as ações do antigo dono, e fundador da empresa, Paulo Maló.
No final deste mês, Paulo Maló abandona as funções que desempenha no grupo.
A ambição do novo acionista, que hoje anunciou em conferência de imprensa, em Lisboa, a nova estratégia do grupo, é conseguir um crescimento médio anual das vendas acima de 5% até ao final de 2025, aumentando o volume de negócios para 46,7 milhões de euros.
"A empresa tem em marcha um investimento de quatro milhões de euros, sendo que a Atena tem disponibilidade para investir 15 milhões", afirmou o CEO (presidente executivo) da Malo Clinic, António Pereira.
A nova estratégia do grupo prevê também tornar a Malo Clinic "uma nova referência no turismo de saúde associado a medicina dentária" e alavancar o crescimento do grupo na Polónia, criando novos gabinetes médicos e desenvolvendo novos modelos de parcerias internacionais.
No encontro, João Rodrigo Santos, 'partner' da Atena e presidente do conselho de administração da Malo Clinic, explicou que o fundo "é uma sociedade portuguesa, com decisão 100% nacional", e que são os fundos geridos pela Atena que são participados por instituições internacionais, sendo os investidores sobretudo americanos e suíços.
Quanto à gestão do grupo pelo seu fundador, Paulo Maló, que no final deste mês abandona a administração e corpo clínico do grupo, João Rodrigo Santos comentou: "A dívida do grupo [de quase 70 milhões de euros, e que levou ao PER] foi acumulada por um processo de internacionalização que não foi conseguido", por terem sido "dedicados muitos recursos demasiadamente rápido, dada a complexidade da atividade clínica", por ser uma atividade regulada.
Acerca da atividade em Portugal, o presidente da Malo Clinic reconheceu que "foi sempre rentável e mantida a excelência da clínica", que recebe cerca de 30 mil pacientes por ano.
O mesmo responsável precisou que, "segundo o [credor da Malo Clinic] Novo Banco", o plano da Atena Quity Partners "era a melhor proposta" e "todas" as propostas apresentadas para a revitalização do grupo de medicina dentária implicavam a perda de dívida pelos credores.
João Rodrigo Santos disse ainda que "os credores internacionais ameaçavam tornar a empresa insolvente" e que, por essa razão, "o PER foi para proteger [o grupo], antes que fosse tarde demais".
O CEO do grupo, António Pereira, precisou que a estratégia do novo acionista "não é a de abrir clínicas pelo mundo", embora esta prevista a abertura de uma clínica em Portimão, no Algarve, porque a do Alvor não tem já capacidade de resposta, e mais duas clínicas, ainda sem localidade definida, no norte e no centro.
"A realidade, do ponto de vista dos pacientes [do grupo], é que menos de meio por cento foi tratado pelo Dr. Malo", um profissional que "tem muitos compromissos internacionais", comentou o CEO, adiantando, quanto ao risco de o médico vir a fazer concorrência ao grupo que fundou, que "a concorrência faz crescer melhor".
Quanto à eventual intenção de o fundo vender em breve o grupo Malo, António Pereira respondeu: "Contamos ficar cá muitos e muitos anos".