O tempo de espera para uma consulta hospitalar de dermatologia baixou de um ano para um a dois meses devido ao rastreio por imagens recolhidas pelos médicos de família, revelou hoje a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN).
“A espera é de 40 a 50 dias em situações de telerrastreio [recolha de imagens nos centros de saúde e envio ao hospital, onde um médico faz a triagem], quando a espera é de um ano para uma consulta de dermatologia vulgar. Outra grande virtude do sistema diz respeito a patologias malignas: são dados meios – a informação clínica do médico de família e a imagem da lesão – para que o médico triador priorize situações prioritárias”, revelou à Lusa Fernando Tavares, diretor do departamento de Estudos e Planeamento da ARSN.
O responsável acrescentou que, atualmente, 90% das referenciações para consulta hospitalar são feitas a partir de “todos os centros de saúde do Norte” com base na teledermatologia e que o procedimento é suficiente para diagnóstico em metade dos casos, ao passo que os restantes 50% obrigam a consulta presencial.
Fernando Tavares esclarece que a teledermatologia a que se refere não implica consultas à distância, ou por teleconferência, mas sim a recolha de imagens que complementam a informação do médico dos cuidados de saúde primários e que ajudam os clínicos especialistas a analisar os casos e a priorizá-los.
“No geral, o tempo de espera diminui e as situações prioritárias têm um tempo de espera muito menor”, destacou.
Iniciada em 2015, a teledermatologia ganhou um novo impulso em 2018, com um despacho “que tornou obrigatório o rastreio dermatológico para referenciação hospitalar”.
O investimento foi de 40 mil euros em 383 máquinas fotográficas para os centros de saúde, explicou a ARSN.
Paulo Varela, da Sociedade Portuguesa de Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, considera que o método “trouxe enormes vantagens”.
“Em muitos casos, a primeira consulta é logo para cirurgia”, observou, destacando as vantagens que tal acarreta a doentes que percorrem longas distâncias para se deslocarem aos hospitais.
Rui Nogueira, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, defende que o sistema “facilita muito” a vida aos médicos de família, nomeadamente perante um tipo de cancro que é “o mais frequente” e tem uma prevalência “10 vezes superior” ao que aparece no segundo lugar da lista.
“A pele é um órgão exposto, acessível, por isso a fotografia é muito útil”, conclui.