O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) começa esta semana a entregar, de forma gratuita, medicação ao domicílio “ao maior número possível de doentes e de patologias”, no âmbito do plano de contingência para a covid-19.
Numa resposta enviada hoje à agência Lusa, o centro hospitalar adianta que a entrega de medicamentos ao domicílio faz parte de um conjunto de medidas tomadas para minimizar o risco associado à deslocação dos doentes para levantamento de medicação na farmácia do Hospital de Santa Maria, “que atende cerca 500 doentes/dia”.
O serviço de entregas de medicamentos ao domicílio vai abranger “doentes de praticamente todo o país e é totalmente gratuito”, e estará disponível para “o maior número possível de doentes e de patologias”.
O centro hospital sublinha que serviços de entrega cumprem a legislação em matéria de certificação de transporte de medicamentos, com todas as garantias de segurança envolvidas.
“O CHULN quer assegurar que este serviço é realizado por entidades de transporte profissionalizadas e credenciadas para o efeito, esperando-se por isso um serviço eficiente e com qualidade”, acrescenta.
O reforço generalizado dos ‘stocks’ de medicamentos, em especial os cedidos em ambulatório, foi outra das medidas tomadas pelo CHULN.
Esta decisão irá “permitir a cedência de medicação para períodos mais longos, nomeadamente dos habituais 30 para 60 dias, de acordo com as características do doente, patologia e enquadramento social”, abrangendo “todos os doentes, incluindo com artrite reumatoide”.
A Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR) tinha criticado a gestão da farmácia hospitalar do Hospital de Santa Maria, dizendo que esta recusou a dispensa de medicamentos a vários doentes, ignorando que as receitas desmaterializadas estão em vigor desde setembro de 2017.
O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte está também a desenhar um procedimento para promover o recurso a receitas assinadas digitalmente pelos médicos prescritores (assinatura digital em documento PDF).
Contudo, sublinha o CHULN na resposta enviada à Lusa, se entrar em vigor “uma norma extraordinária que permita o pedido de dispensa de medicação através da apresentação de receita via email, os serviços farmacêuticos adotarão essa medida sem reservas”.
Segundo o centro hospitalar, é necessário encontrar formas de validar as receitas recebidas por via eletrónica, dadas as dificuldades de os médicos assistentes utilizarem prescrições em papel, uma vez que o recurso à “teleconsulta” é uma opção em crescendo.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, já tinha anunciado que os doentes crónicos que necessitassem de medicamentos que são disponibilizados pelos hospitais iam passar a receber os fármacos em casa, após a agência Lusa ter tido conhecimento de alguns casos de doentes crónicos, nomeadamente transplantados, que estavam preocupados com a forma como podiam ter acesso aos medicamentos, devido às restrições de acesso aos estabelecimentos de saúde impostos surto de covid-19.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).
Dos infetados, 1.099 estão internados, 270 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 140 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.