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Ano letivo: Escola transforma cantina no “melhor restaurante da região”

LUSA
21-10-2019 12:58h

Os diretores escolares querem o fim das refeições concessionadas a privados porque acreditam que os almoços cozinhados nos estabelecimentos são melhores, tal como acontece numa cantina em Cinfães que dizem ser “o melhor restaurante da região”.

Na cozinha do agrupamento das Escolas General Serpa Pinto, em Cinfães, são cozinhados e servidos diariamente cerca de 600 almoços e o diretor da escola, Manuel Pereira, não tem dúvidas em afirmar que aquela “cantina é o melhor restaurante da região”.

O sucesso resulta da dedicação de uma equipa de mulheres: A Dona Rosa, que é a ‘chef’ da cantina, três professoras de ciências e uma nutricionista da autarquia.

“Este não é um trabalho fácil”, admite Joana Costa, uma das docentes envolvidas na missão de imaginar receitas para alunos do 5.º ao 9.º ano.

A professora de Ciências já deu aulas em 21 escolas e a experiência ensinou-a que a comida feita nas cantinas “tem mais qualidade” do que a que vem de fora.

Os alunos que chegam à escola EB 2/3 General Serpa Pinto partilham dessa ideia. “Os miúdos dizem-nos que a comida agora é muito melhor do que a da primária, que era feita por uma empresa”, conta o diretor do agrupamento e também presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).

Manuel Pereira assegura que raramente há queixas nas escolas com cantina própria. No entanto, a grande maioria dos estabelecimentos de ensino recebe refeições de fora.

No ano letivo 2017/2018, por exemplo, 776 refeitórios foram fornecidos por empresas, tendo-se registado 854 reclamações, segundo o relatório da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

“Há muitas escolas com cantinas convencionadas e os alunos comem mal, porque as verbas pagas às empresas são muito baixas. Seria uma boa solução manter as cantinas na gestão das escolas”, defende o presidente da ANDE.

Uma opinião partilhada por Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas. No seu agrupamento em Vila Nova de Gaia, as refeições também não estão concessionadas.

Nas escolas Dr. Costa Matos, os menus são enviados para o centro de saúde e analisados por uma equipa formada por um médico, um nutricionista e um enfermeiro.

Em Cinfães, o modelo é semelhante: As professoras idealizam as ementas, que são certificadas pela nutricionista da autarquia. Mas nem todas saem do papel para o prato.

Primeiro têm de passar no crivo da Dona Rosa, a mulher que há uma década está à frente da cantina. Por vezes, a experiência dos tachos sobrepõe-se aos conhecimentos teóricos das professoras e nutricionistas.

“Há refeições que não resultam quando têm de ser cozinhadas para 600 alunos. Isto é como em casa: o que funciona bem para três ou quatro pode não funcionar quando temos 10 convidados”, exemplifica Joana Costa.

Também nem sempre é fácil agradar a todos. Tal como em casa, é preciso ter em conta o fator custo. “Aqui, nunca ninguém nos limitou nas escolhas, mas, claro, não comemos camarão todos os dias”, diz, sorridente.

O diretor do agrupamento orgulha-se de ter “o melhor restaurante da região” a preços imbatíveis: “Em média temos 1,60 euros para gastar diariamente para cada aluno, mas na maior parte das vezes até ficamos 20 cêntimos abaixo do ´plafond´”.

A equipa garante que escolhe os produtos mais frescos e procura fazer uma dieta variada. Só lamenta não conseguir recorrer mais a produtores locais.

Mas, apesar das orientações do Ministério da Educação e dos nutricionistas para optar por produtos da região, as regras de contratação obrigam a procedimentos que por vezes tornam impossível escolher os agricultores da terra.

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