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Covid-19: Cerca de 150 profissionais da saúde detidos em protesto no Paquistão

LUSA
06-04-2020 16:18h

Cerca de 150 médicos e outros profissionais de saúde foram hoje detidos pela polícia enquanto protestavam contra a falta de material de proteção para lidar com o novo coronavírus nos hospitais de Quetta, no sul do Paquistão.

"Fomos espancados como terroristas como recompensa pelos nossos serviços", disse Yasir Khan, presidente da Associação de Jovens Médicos da província do Baluchistão, da qual Quetta é capital, numa conferência de imprensa após o protesto.

As televisões paquistanesas transmitiram imagens de polícias a atacar com cassetetes os profissionais de saúde, mobilizando-os à força e colocando-os em carrinhas da polícia.

Khan indicou que cerca de 150 médicos, paramédicos e enfermeiros foram detidos e que, por isso, a classe entrou em greve na cidade.

"Depois do que aconteceu, é impossível continuar a trabalhar. Se essa é a recompensa (pelo nosso trabalho), boicotamos os serviços", disse o médico, que observou que durante a última semana pelo menos 15 médicos na cidade foram infetados pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19.

"Nós apenas queremos material de proteção", observou o médico.

Waseem Baig, membro da associação médica e porta-voz do Hospital Civil Quetta, disse à agência de notícias EFE que estavam a negociar com a autarquia para procurar uma solução para a situação.

A Amnistia Internacional (AI) condenou a detenção do pessoal médico e exigiu a sua libertação imediata.

"As prisões hoje no Baluchistão são um ataque ao direito (destes profissionais da saúde) de protesto pacífico e uma afronta aos riscos que correm", afirmou a organização não-governamental.

Até ao momento, o Paquistão registou 50 mortes pela covid-19 e 3.277 infeções pelo novo coronavírus confirmadas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.

Dos casos de infeção, mais de 240 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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