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Investigadores da UTAD dizem que engaço de uva ajuda na cura de feridas do pé diabético

LUSA
18-10-2019 18:05h

Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estão a aplicar o engaço de uva como uma alternativa natural e com potencial de ação efetiva na cura e prevenção de feridas do pé diabético face aos antibióticos comerciais.

O estudo, desenvolvido pelo Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas da UTAD, envolve a aplicação de extratos de engaço de uva, um subproduto vitícola que resulta de cada vindima, para avaliar o efeito antibacteriano num conjunto de microrganismos associados às feridas do pé diabético, revelou em comunicado a universidade de Vila Real.

Para a equipa de investigação, os extratos de engaço das castas Sousão e Syrah apresentam-se como uma “alternativa natural com potencial de ação efetiva” contra a ‘Staphylococcus aureus’, bactéria que representa a maior ameaça para a saúde pública e incluída no grupo de prioridade alta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017 como “agente patogénico prioritário”.

“Os resultados mostram que os extratos de engaço da casta Sousão apresentam atividade antibacteriana, maioritariamente bacteriostática, ou seja, impede o crescimento bacteriano”, explica Ana Barros, investigadora responsável pelo estudo, e diretora do CITAB, citada no comunicado.

Assim, o uso de engaço de uvas na prevenção das infeções das úlceras do pé diabético “poderá ser de grande utilidade”.

Segundo Ana Barros, a aplicação destes extratos mostrou um efeito antibacteriano entre 50 a 100%, quando comparados com o efeito do antibiótico comercial.

“Além disso, os extratos da casta Syrah, na concentração testada, afetam a taxa específica de crescimento dos isolados ‘Staphylococcus aureus’ e revelam um efeito bacteriostático”, acrescenta.

A investigação engloba isolados bacterianos obtidos desde fevereiro de 2009 em mais de 120 doentes, no âmbito de um protocolo estabelecido com o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e aprovado pela Comissão de Ética do mesmo, acrescenta a nota.

“Os resultados obtidos através deste estudo tornam-se ainda mais relevantes já que se sabe que a infeção do pé diabético é uma complicação tardia da diabetes que, quando não controlada, pode levar à amputação dos membros”, realça ainda.

A universidade recorda que, “em Portugal, estima-se que possam ocorrer anualmente cerca de 1.200 amputações dos membros inferiores”.

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