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Covid-19: CDU/Gaia pede medidas “urgentes” que minimizem perda de rendimentos

LUSA
02-04-2020 17:02h

A CDU de Vila Nova de Gaia considerou hoje "urgente a adoção de medidas que minimizem os danos causados nos rendimentos das famílias" pela pandemia da covid-19, desafiando a câmara a "pressionar" a tutela em busca de "respostas imediatas".

Em comunicado, a CDU/Gaia começa por elencar as medidas que a autarquia liderada pelo socialista Eduardo Vítor Rodrigues tomou para fazer face ao surto epidémico do novo coronavírus, para depois sugerir que a Câmara "pressione o Ministério da Saúde a reabrir, como prometido, os SASU [Serviço de Atendimento a Situações de Urgência] da Rua Soares dos Reis e dos Carvalhos encerrados abruptamente em 2018, de forma a que nesta altura de surto epidémico se reduza a atual concentração de pessoas no Centro de Saúde de Vilar de Andorinho".

A CDU/Gaia argumenta ainda que esta unidade de saúde está localizada em zona com transportes públicos "quase inexistentes".

Outros dos desafios ao executivo PS é que este "acompanhe e fiscalize a oferta, qualidade e segurança dos operadores privados de transportes", isto porque, refere a CDU, "a maioria dos trabalhadores que asseguram tarefas essenciais - segurança, limpeza, saúde pública, abastecimento - dependem dos seus serviços".

Segundo a coligação PCP/PEV de Vila Nova de Gaia, o atual panorama de transportes no concelho é "alarmante e de uma gravidade atroz", uma vez que, "a reboque da situação de emergência, as empresas de transporte do concelho reduziram de forma brutal os seus horários, alheando-se da sua responsabilidade no combate a esta pandemia".

"Nas horas de ponta têm-se verificado situações de autocarros com uma quantidade de passageiros muito acima do que a situação atual aconselha e impedindo o distanciamento social recomendado, assim constituindo um perigo para a saúde pública e um retrocesso no combate a esta pandemia. O término das carreiras em horários compreendidos entre as 18:00 e as 20:00 tem deixado numa situação penosa muitos trabalhadores que dependem deste meio de transporte, obrigando-os à perda de uma parte considerável do seu vencimento para pagar transportes alternativos", descreve a CDU/Gaia.

Outra das propostas refere-se à necessidade de serem "acautelados espaços de retaguarda", com a CDU a sugerir que sejam tomadas medidas articuladas com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) para averiguar os espaços mais convenientes”.

No comunicado, em que elenca várias medidas tomadas pelo executivo socialista de apoio à população e instituições locais, são também deixadas críticas a Eduardo Vítor Rodrigues.

"Registou-se por parte do município a tomada de outras medidas que nos causaram sérias interrogações, como é o caso dos ‘centros de testes' de laboratórios privados, sobre os quais solicitamos explicações por requerimento que até agora continua sem resposta, sendo que a própria Câmara não saberá ao certo quantos testes estarão a ser efetuados nem em que condições", dizem.

Contactado pela Lusa, o presidente da câmara desafiou a CDU/Gaia a pedir dados à ARS-Norte e garantiu que se tem empenhado na tomada de medidas para fazer face à covid-19.

"A Câmara empenhou-se na localização de centros de testes em Gaia, tendo conseguido dois centros de dois laboratórios distintos. De facto, em Gaia, como no resto do país, os laboratórios são privados, tendo acordo de intervenção com a ARS/Ministério da Saúde. O município não dispõe dos dados dos testes efetuados, devendo a CDU solicitá-los à ARS. É verdade que o requerimento já foi enviado há dias. Tenho 30 dias para responder, não tendo o prazo expirado e tenho dado prioridade a resolver problemas concretos das pessoas", referiu Eduardo Vítor Rodrigues.

No seu texto, a CDU também mostra preocupação com o encerramento de empresas no concelho, enumerando conhecer casos de ‘lay-off’ na Caetano Aeronautics, Groz-Beckert, Klavness, Irmãos Mota, Douro Azul, Rota Ouro do Douro, Carlos Freitas.

"[Isto implica] para os trabalhadores destas empresas a perda de cerca de um terço do seu rendimento e é atirado para a Segurança Social o ónus do valor remanescente. A estas situações juntam-se outras denúncias por parte dos trabalhadores, nomeadamente a imposição de férias, reduções salariais, o desregulamento dos horários, a falta de equipamentos de segurança e higiene, ou ainda a dispensa de centenas de trabalhadores com contratos temporários", refere.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira, e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera.

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