Sindicato Democrático dos Enfermeiros anunciou uma “greve geral, prolongada e muito dura”, depois de uma reunião com o Governo que marca o início de um período de negociações.
O presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, disse no final da reunião que a greve é para que, “de uma vez por todas, se entenda que os enfermeiros querem negociar, mas querem negociações sérias”, acrescentando que a paralisação será em abril, mas sem anunciar a data.
Carlos Ramalho disse à Lusa que a data da greve será anunciada na sexta-feira, quando está marcada uma marcha em Lisboa em homenagem aos enfermeiros.
Governo e sindicatos de enfermeiros voltaram ontem a reunir-se para tentar chegar a um acordo sobre reivindicações da classe que já levaram a greves que resultaram numa requisição civil.
Hoje o Governo reuniu-se com a Federação dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense) e com o Sindepor, um dos dois sindicatos que estiveram na origem de greves às cirurgias que levou a uma posterior requisição civil.
No final da reunião, de menos de 30 minutos, Carlos Ramalho disse aos jornalistas que o encontro serviu para assinar o protocolo negocial e que o sindicato disse ao Governo que espera reuniões frutíferas. “Dissemos ao Governo que estamos aqui para negociar, como sempre estivemos”, o que “não tem acontecido” da parte do Governo, afirmou.
A greve, disse, vai ser para todos os serviços. Mas, adiantou, “vai continuar a haver espaço para a negociação” e “as greves anunciam-se e desconvocam-se se for necessário”.
“O que queremos é ter a garantia de que as negociações desta vez vão ser sérias”, disse, adiantando que as reuniões vão acontecer de 15 em 15 dias às quartas-feiras, mas que a próxima se realiza excecionalmente no dia 21 (quinta-feira).
Carlos Ramalho insistiu que os enfermeiros não têm sido respeitados pelo Governo e que está em discussão pública um diploma de carreira que não foi fruto de negociação, sendo antes uma imposição.
E disse que o Sindepor está disponível para negociar todas as questões, durante o tempo que for necessário, referindo como questões fundamentais o descongelamento de progressões, atribuição de subsídio ao enfermeiro especialista e a grelha salarial.
Antes o Governo, com representantes dos ministérios da Saúde e das Finanças, reuniu-se com a Federação dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense).
José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros (que faz parte da Fense), disse à Lusa que a reunião serviu para troca de documentação e que ficou novo encontro marcado também para dia 21.
A Fense está a negociar com o Governo um acordo coletivo de trabalho, mas José Azevedo garantiu que nada tem a ver com o diploma de carreira que o Governo colocou em discussão pública nem este documento tem a aprovação da Federação.
Com o reatar de negociações a Fense adiou uma greve de zelo que tinha marcado para o início do mês. A 22 de fevereiro, o Ministério da Saúde disse que as reuniões se destinam à celebração do acordo coletivo de trabalho, cuja negociação decorre desde novembro de 2018.
Em janeiro e fevereiro enfermeiros fizeram uma greve às cirurgias em blocos operatórios de hospitais públicos, tendo obrigado ao adiamento de milhares de operações. O Governo decretou a 07 de fevereiro uma requisição civil e pediu um parecer à Procuradoria-Geral da República, que considerou a greve ilegal. A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros suspendeu-a, mas o Sindepor manteve-a, tendo o seu presidente estado em greve de fome durante dois dias.
A greve, a segunda no mesmo modelo e financiada por uma recolha de fundos numa plataforma ‘online’, arrancou depois de os dois sindicatos de enfermeiros terem terminado as reuniões negociais com o Governo sem consenso, sobretudo na questão do descongelamento das progressões da carreira, no aumento do salário base e respetivas progressões e na antecipação da idade da reforma.