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ONU elogia política de prevenção de droga de Macau, um exemplo na Ásia

LUSA
09-10-2019 12:41h

Uma perita das Nações Unidas defendeu hoje que Macau pode ser um exemplo a nível regional na redução de danos associados ao consumo de drogas, como também na prevenção do uso de estupefacientes.

Karen Peters elogiou o programa de distribuição e recolha de seringas em Macau, uma política que a China e vários países asiáticos veem ainda como “um encorajamento ao uso de drogas”.

“Quando este programa é administrado de forma correta, existem benefícios para a sociedade como um todo”. Em Macau, por exemplo, há quatro anos que não são registadas novas infeções por VIH entre consumidores, salientou, em declarações aos jornalistas.

Na Universidade de São José para uma ação de formação sobre prevenção, a convite da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM), Karen Peters integra a representação no Sudeste Asiático e Pacífico da Agência para os Assuntos de Droga e de Crime das Nações Unidas (UNODC).

Para a perita da ONU, é também positivo que o controlo de drogas esteja, em Macau, a cargo do Instituto de Ação Social (IAS) e não sob a tutela da Segurança, um “cenário que é mais comum” na Ásia.

“Há uma enorme diferença em tratar [o consumo] de drogas a partir de uma perspetiva social ou de uma perspetiva de segurança pública”, sublinhou, acrescentando que uma política mais humanizada em Macau facilita o contacto com a ONU.

No entanto, para que Macau se destaque ainda mais a nível regional, Peters encorajou as autoridades a implementar programas de prevenção que já se tenham mostrado eficazes noutros países, que possam ser aplicados “à realidade” do território.

“Há uma ciência por detrás da prevenção”, reforçou. “Não estou a dizer que o modelo em Macau é mau. Acho apenas que há uma oportunidade para Macau se afirmar a nível regional”.

Apesar de destacar Portugal como um caso de sucesso no âmbito da descriminalização da posse e do consumo de drogas, uma política defendida pela agência, Karen Peters destacou a importância de aplicar modelos adaptados a cada região.

“Temos de olhar para as especificidades de cada região. Quando promovemos um modelo, temos de promover um modelo que de facto seja funcional naquele país. Temos de olhar para os diferentes sistemas legais, mas a prisão nunca ajuda”, disse.

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