O município de Miranda do Corvo, no distrito de Coimbra, considerou esta terça-feira que o serviço de saúde no concelho se encontra "em situação insustentável" devido à falta de recursos humanos, nomeadamente assistentes operacionais e enfermeiros.
"Dos quatro assistentes operacionais afetos a estas unidades, apenas um se encontra ao serviço. Dos seis enfermeiros que constituem a Unidade de Saúde Familiar Trilhos do Dueça, três encontram-se com atestado de longa duração", denuncia uma carta da autarquia para a ministra da Saúde, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
De acordo com a missiva, assinada pela vice-presidente Ana Gouveia, "o serviço domiciliário a doentes acamados não está a ser realizado por falta de recursos humanos".
A falta de recursos humanos "leva a que não haja atendimento telefónico, por exemplo", lê-se no ofício.
O município de Miranda do Corvo refere ainda que colocou um dispensador de senhas eletrónico para facilitar o atendimento no Centro de Saúde, mas que, devido "à falta de recursos humanos, se verifica a situação contrária à desejada, tornando o atendimento caótico".
"Esta é uma situação que se arrasta há demasiado tempo e que coloca em causa o acesso da população de Miranda do Corvo aos cuidados de saúde básicos, pelo que urge resolver definitivamente", realça a vice-presidente.
Já hoje, o Movimento de Utentes do Centro de Saúde de Miranda do Corvo denunciou que a falta de assistentes operacionais nos serviços em funcionamento no concelho prejudica os cuidados prestados.
"Neste momento, é o caos na Unidade de Saúde Familiar, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (Extensão de Semide) e na Unidade de Cuidados Continuados, com apenas um assistente operacional para dar apoio a estes três serviços", disse à agência Lusa Rui Fernandes, daquele movimento.
Segundo adiantou, três assistentes operacionais estão de baixa médica devido a uma situação de ‘burnout' (síndrome de exaustão profissional), porque foram obrigados a trabalho contíguo e não os deixaram tirar férias".
A falta de assistentes operacionais, acrescenta Rui Fernandes, levou à suspensão dos serviços de enfermagem ao domicílio e tem também implicações na limpeza dos espaços.
O pessoal da limpeza, afeto a uma empresa contratada, presta serviço diariamente das 12:00 às 14:00 e das 16:00 às 20:00, mas fora da sala de tratamento, que era uma função dos assistentes operacionais.
"Devido há falta de assistentes, não existe quem limpe a sala de tratamento, nem despeje o lixo contaminado, colocando em causa a segurança dos próprios utentes", frisou Rui Fernandes.