O presidente do PSD advertiu hoje o Governo para ter "cuidado" e não entrar "na loucura" de aceitar todos os pedidos de apoios financeiros, frisando que a dívida a contrair vai ter de ser paga mais tarde.
Este recado de Rui Rio foi transmitido em entrevista à RTP, na parte em que analisou o contexto económico de crise gerado pelas medidas de combate à pandemia de covid-19 e na qual também defendeu que a União Europeia deve proceder à emissão de dívida conjunta, adotando o nome de "coronabonds".
"Estamos a assistir a um subsídio para isto, a um subsídio para aquilo, para garantir o rendimento - e tem de ser. Mas é preciso que se perceba isto: Todo este dinheiro, seja ele qual for, nós vamos pagá-lo. O Estado vai pagar, e o Estado somos nós. Vamos pagar tudo", avisou o líder social-democrata.
No ponto dos apoios financeiros, o presidente do PSD defendeu que o executivo terá de seguir sempre um caminho de rigor.
"Que não se entre na loucura de que agora, como se aceita tudo, é mais e mais e mais e mais, porque lá à frente não há como não pagar", reforçou o líder social-democrata neste recado dirigido ao Governo socialista.
Rui Rio disse mesmo estar a transmitir esta posição "em tom pedagógico, para as pessoas pensarem bem e o Governo nunca se esquecer disto".
"Dito isto, é evidente que o Estado vai ter de se endividar de uma forma brutal para garantir o rendimento às pessoas. Tem de ser assim para que, a seguir, quando quisermos relançar a economia, haja uma base de produção mínima em cima da qual nós montamos outra vez Portugal", sustentou o presidente do PSD.
Em matéria de resposta à crise provocada pela atual situação de paralisia económica, Rui Rio disse que o seu partido está a preparar um conjunto de medidas que devem de ser vistas "como um contributo".
"Por exemplo, uma ideia que provavelmente vai lá estar: Quando uma empresa vai para 'lay-off', empresas pequeninas, o sócio-gerente que vive daquilo também tem direito ao apoio do Estado, como têm outros colaboradores", apontou.
Na questão europeia, Rui Rio também criticou as posições assumidas pelo ministro das Finanças holandês sobre a necessidade de investigar a Espanha, mas procurou separar a atuação do Governo de Haia e o executivo alemão da chanceler Angela Merkel.
Tal como o Governo português, o presidente do PSD defendeu a emissão de dívida europeia conjunta para responder à crise económica que se vai instalar no continente.
"Uma modalidade tem de haver. A palavra 'coronabonds' é uma palavra politicamente interessante. É dizer assim: A Europa, no plano financeiro, por causa do coronavírus, por causa do covid-19, está junta. E, portanto, do ponto de vista político, é um bom nome, para ver se somos ou não somos capazes de estar juntos aqui", afirmou.
No entanto, o líder social-democrata deixou também um recado aos governos de Portugal, Espanha, Itália ou Grécia.
"Agora, não podemos também chegar ao norte da Europa e querer, a propósito disto, ultrapassar erros que nós cometemos no passado que eles lá no norte não cometeram em termos de endividamento", avisou.