O líder opositor na Venezuela, Juan Guaidó, propôs aos políticos e militares que se unam para formar um governo de emergência nacional para evitar uma “catástrofe humanitária” e “milhares de mortos” pela covid-19 no país.
"Chegou a hora de formar um governo de emergência nacional para salvar a Venezuela de uma catástrofe humanitária", disse, num vídeo gravado, divulgado pela Internet.
Guaidó, que em janeiro de 2019 jurou assumir as funções de Presidente interino, afirmou ter relatórios médicos “bastante preocupantes” e que “a Venezuela pode converter-se no país com o maior número de infetados e mortos na região” e que é necessário “um plano de salvação nacional”.
“Necessitamos aceder de maneira urgente a financiamento e ajuda internacional que só será possível obter sem Nicolás Maduro [Presidente da República] em Miraflores [Palácio Presidencial]”, referiu.
Segundo o opositor, a situação venezuelana vai agravar-se muito devido à pandemia de covid-19 e “a ditadura jamais o reconhecerá, procurará ocultar” os dados de contágios e doentes graves, enquanto os problemas se agravam pela escassez de água, gasolina, comida, gás e eletricidade.
No vídeo, Guaidó indicou que a oposição criou o Plano José Maria Vargas que prevê a entrada no país de materiais para médicos, enfermarias e hospitais, além de ajuda alimentar, estipulando ainda a atribuição direta de dinheiro às famílias que vivem ao dia, começando pelos setores mais vulneráveis.
O plano prevê ainda a construção de tanques subterrâneos para abastecer água aos hospitais e um pedido de financiamento de 1.200 milhões de dólares (1.092 milhões de euros).
“Proponho a instalação de um governo de emergência nacional que inclua todos os setores políticos do país, que delegará no Conselho de Estado, paritário, as decisões fundamentais de gestão do Estado, a resposta a emergências, a estabilidade e reconciliação do país”, disse.
Também “a abertura de um canal humanitário” para a entrada imediata de ajuda internacional e a aprovação pelo parlamento, “de uma nova lei de garantias, estabilização democrática e reconciliação nacional” em que “as violações dos direitos humanos não estão contempladas”.
Para tal, afirma, é preciso legitimidade com apoio popular, cumprir com as obrigações contraídas com outras nações, independentemente da posição política e “as Forças Armadas devem pôr o seu poder ao serviço do povo e garantir a estabilidade do país”.
“Os atores políticos devem pôr os seus recursos políticos para a governabilidade e a reconciliação do país e a comunidade internacional deve respaldar as intermediações, garantir as ações necessárias, o apoio financeiro, político e humanitário que necessitamos”, considerou.
A Venezuela, com 119 casos de coronavírus e duas mortes confirmadas recentemente, está desde 13 de março em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.
O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, que podem ser prolongados por igual período. Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários estados.
A crise política, económica e social na Venezuela, agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.
Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, entre eles Portugal, uma decisão tomada no âmbito da União Europeia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.
Dos casos de infeção, pelo menos 134.700 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.