Depois de ter financiado 692 projetos de 25 países diferentes, a Fundação Bial, que assinala este ano o seu 25.º aniversário, vai continuar a apostar na "qualidade e prestígio" e a "robustecer" a investigação científica na área da saúde.
Em entrevista à agência Lusa, Luís Portela, presidente da Fundação Bial, afirmou que a grande preocupação e, consequentemente, o objetivo da fundação para os próximos anos, é "dar continuidade e impulsionar o trabalho de qualidade" que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito da investigação científica.
"A nossa preocupação é a de robustecer aquilo que temos feito, que os prémios e as bolsas sejam cada vez mais reconhecidos e que a fundação possa dar um contributo importante para a ciência na área da saúde", salientou.
Luís Portela, que descreve o "caminho percorrido" pela fundação durante estes 25 anos como uma "história bonita", acredita que foi a parceria "pioneira" entre o Conselho de Reitores das Universidade Portuguesas e o Laboratório Bial que permitiu "distinguir alguns dos mais notáveis investigadores" na área da saúde em Portugal, mas também no estrangeiro.
"A história da Fundação Bial é uma história bonita, porque é uma instituição que foi criada com fins estritamente mecenáticos para beneficiar o desenvolvimento científico", sublinhou.
Contudo, para Luís Portela a "grande conquista" foi a aproximação de duas "áreas que não dialogavam e estavam muito afastadas": as neurociências e a parapsicologia.
"O diálogo foi-se realizando e houve uma clara aproximação. Nas últimas edições, cerca de 25% dos projetos que concorrem às nossas bolsas são das duas áreas. Foi uma clara evolução, para a qual a fundação deu algum contributo", afirmou.
Durante este quarto de século, a Fundação Bial, através dos apoios financeiros a projetos de investigação científica, já distinguiu 692 trabalhos que envolveram cerca de 1.500 investigadores de 25 países diferentes, entre os quais se destaca o Reino Unido (202), Portugal (163) e os Estados Unidos da América (111).
Além das bolsas, a fundação já premiou também, através do Prémio Bial de Medicina Clínica que existe há 35 anos (mas que só é atribuído em anos pares) 276 autores e 102 obras que "contribuíram de forma importante para o desenvolvimento da ciência médica e da saúde em Portugal", nomeadamente em doenças como a diabetes, cancro, Alzheimer, doenças cardiovasculares e reumáticas.
"A fundação tem tido uma postura muito discreta, mas a dimensão dos seus projetos tem tido muita projeção, mesmo a nível internacional", afirmou.
Para marcar o 25.º aniversário, Luís Portela adiantou à Lusa que os órgãos da administração da fundação decidiram criar um novo prémio - o BIAL Award in Biomedicine - que procura "distinguir uma obra editada nos últimos 10 anos que tenha contribuído para o avanço do benefício da humanidade".
A nomeação deste prémio é feita por sociedades científicas independentes, sendo que para esta primeira edição de 2019 já foram selecionadas 40 obras.
Apesar do "excelente" conhecimento científico que é produzido em Portugal, Luís Portela acredita que há ainda "muito potencial para explorar", nomeadamente no que concerne às políticas públicas de saúde nacionais.
"Acho que aquilo que foi feito [em termos de políticas de saúde], foi bem feito, mas há um potencial para explorar, que é pena não ser explorado, e desejaria que ao longo dos próximos anos as políticas de saúde em Portugal pudessem assumir uma perspetiva desenvolvimentista e de aproveitamento do potencial de conhecimento que existe", admitiu.
No âmbito das celebrações do 25.º aniversário, a Fundação Bial, que conta agora com um novo presidente do Conselho Científico, o neurocientista António Damásio, vai inaugurar, na próxima terça-feira, uma exposição no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto.
A exposição, que mostra o trabalho desenvolvido desde 1994, vai, até ao final de 2020, percorrer todas as faculdades de medicina portuguesas e algumas instituições europeias e norte-americanas.