O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu hoje uma "trégua humanitária nos combates" no Afeganistão, que é um país "muito afetado” pela pandemia da covid-19.
"Há uma necessidade urgente de uma trégua humanitária nos combates para conter a ameaça imposta ao país pelo novo coronavírus", disse Stoltenberg ao semanário francês Le Journal du Dimanche (JDD).
"A violência e a instabilidade ainda reinam no Afeganistão. É uma situação muito difícil, especialmente porque o país agora também está muito afetado pelo novo coronavírus", acrescentou.
O Afeganistão registou oficialmente na quinta-feira duas mortes da covid-19, além de 80 casos de contaminação entre afegãos e quatro entre soldados estrangeiros.
Mas a realidade poderá ser muito pior neste país, com cerca de 35 milhões de habitantes, com capacidade de saúde muito limitada após 40 anos de conflito, e sendo um vizinho do Irão, onde a epidemia está em curso há várias semanas.
Dada a urgência da situação, as autoridades afegãs anunciaram a libertação de até 10.000 prisioneiros nos próximos dias para impedir a propagação do vírus.
Desde a assinatura de um acordo com os Estados Unidos em 29 de fevereiro, com o objetivo de avançar em direção a um processo de paz, os talibãs intensificaram as suas ofensivas em todo o país contra as forças de segurança afegãs.
Jens Stoltenberg - cuja organização tem 16.000 soldados no Afeganistão - reiterou que o processo de paz seria "longo, difícil" e que haveria "deceções".
"Mas não há outra alternativa senão uma solução política", disse.
"Agora, os talibãs devem cumprir a sua promessa de reduzir a violência, iniciar negociações entre os afegãos e tomar medidas para permitir um cessar-fogo permanente", acrescentou, dizendo que “o nível de violência deve cair".
No acordo de 29 de fevereiro, os talibãs prometeram entrar em negociações de paz com o governo afegão e discutir um possível cessar-fogo abrangente em troca de uma retirada gradual das forças dos Estados Unidos.
Até agora, porém, os talibãs recusaram reunir-se com o Governo do Presidente afegão, Ashraf Ghani, a quem descrevem como fantoche dos Estados Unidos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 640 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 30.000.
Dos casos de infeção, mais de 130.000 são considerados curados.