O ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors advertiu hoje que a falta de solidariedade representa “um perigo mortal” para a Europa, após um Conselho Europeu extraordinário por causa da atual pandemia que evidenciou divisões entre os parceiros europeus.
“O clima que parece reinar entre os chefes de Estado e de Governo e a falta de solidariedade europeia representam um perigo mortal para a União Europeia (UE)", disse o ex-ministro da Economia francês, que presidiu à Comissão Europeia entre 1985 e 1995, numa declaração divulgada pelo instituto que fundou com o seu nome.
“O micróbio está de volta", acrescentou Jacques Delors, que tem acompanhado, segundo o instituto, os últimos desenvolvimentos no seio do bloco comunitário e a respetiva resposta à pandemia da covid-19, em particular o Conselho Europeu extraordinário, realizado na passada quinta-feira, que veio mostrou as divisões entre os 27 Estados-membros, em particular entre os países do norte e do sul.
O Conselho Europeu de quinta-feira decidiu lançar um programa de recuperação da economia europeia para o pós-crise da covid-19 e de mobilizar uma linha de financiamento de 240 mil milhões de euros, mas falhou um consenso para a criação de um instrumento comum de emissão de dívida para apoiar os esforços dos países mais afetados pela pandemia.
Retirado da vida política, Jacques Delors, atualmente com 94 anos, raramente faz declarações públicas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 600.000 pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 28.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 329 mil infetados e mais de 19 mil mortos, é um dos mais afetados pela atual pandemia.