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Covid-19: Empresas de plantas do Algarve estão já em "situação crítica"  

LUSA
28-03-2020 13:37h

A pandemia de Covid-19 e as restrições impostas para a conter estão a deixar em “situação crítica” os viveiros de plantas ornamentais do Algarve, que fazem 75% da sua faturação na primavera, lamentou hoje um representante do setor.

O diretor e sócio dos Viveiros Monterosa, José Dâmaso, destacou o papel que a sua empresa, a Viplant, a Bayflor, a Citrina e a Flores Pendulares têm entre os “principais exportadores de plantas ornamentais” portugueses, “gerando cerca de 30 milhões de euros de riqueza para a região do Algarve e empregando 500 trabalhadores, na sua maioria permanentes”.

“Estas empresas fornecem os principais grossistas, cadeias de ‘garden centres’ e floristas da Europa, tendo igualmente um importante papel no abastecimento do mercado nacional”, afirmou a mesma fonte num comunicado.

As empresas produtoras de plantas, que é um “produto perecível” e com “tempo curto para venda”, estão a deparar-se com “os principais mercados de exportação bloqueados, nomeadamente a França, Holanda, Alemanha, Inglaterra e Espanha”, o que faz com que os produtores não consigam escoar o que produzem, lamentou.

As perdas já sentidas nas duas últimas semanas, durante as quais a faturação foi de “aproximadamente 10% do que seria normal”, quantificou este produtor.

“O mesmo sucede nas vendas no mercado nacional. Refira-se que o período de março-maio está para o setor das plantas mediterrâneas como o de junho-agosto está para o turismo”, exemplificou José Dâmaso, sublinhando que “estas empresas fazem 75% da sua faturação anual na primavera”.

O empresário esclareceu que as empresas têm de fazer a expedição das plantas “num prazo máximo de duas a três semanas” e, se isso não acontecer, o produto acaba no “lixo” porque perde a qualidade exigida pelos clientes.

“Nos últimos dias estas empresas já começaram a destruir plantas não vendáveis e a fazer as suas contas. Se a situação se mantiver, estimam perder cerca de 12 milhões de euros nas próximas semanas”, estimou.

A mesma fonte salientou que as empresas também “não podem fechar temporariamente”, porque a “produção das plantas é contínua” e não pode parar.

 “Se pararmos, para além do curto prazo, estaremos a comprometer as vendas do médio e longo prazo, pois já iniciamos a produção das plantas para colocar no mercado no segundo semestre deste ano, assim como uma parte das da primavera de 2021”, justificou.

José Dâmaso assegurou que os empresários do setor no Algarve estão a “fazer tudo o que está ao seu alcance para manterem a suas atividades em funcionamento e garantir a os muitos postos de trabalho”, mas considerou que os apoios já anunciados pelo Governo para a economia são “insuficientes”.

“Para além dos apoios de tesouraria de curto prazo já lançados, estes produtores necessitam urgentemente da parte do Ministério da Agricultura da criação de um apoio a fundo perdido à retirada de mercado para compensar a destruição da produção. Caso contrário estaremos a adiar a crise, pois as empresas ficarão com um problema estrutural”, disse ainda o representante do setor.

 O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 572 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 26.500.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Portugal regista hoje 100 mortes associadas à covid-19, mais 24 do que na sexta-feira, enquanto o número de infetados subiu 902, para 5.170, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

Os Açores têm 27 casos confirmados, em cinco ilhas, sete dos quais internados em dois hospitais. 

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