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Covid-19: “Receio na procura pelos serviços de urgência, leva a população a ignorar sintomas associados a problemas cardíacos” – SPC

Canal S+ LP
28-03-2020 13:02h

Em entrevista ao S+, Victor Gil, Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, alerta para os cuidados que os doentes cardiovasculares devem continuam a adotar, durante a pandemia do novo coronavírus e apela para que, apesar do medo instalado na procura dos serviços de urgência, não sejam ignorados os sintomas.  

 

A atenção que os doentes cardiovasculares devem ter com a alimentação não é de agora mas, numa altura em que os portugueses têm maior disponibilidade, esta tem e deve ser redobrada.

Para Victor Gil, os diabéticos devem ter, nesta fase, um cuidado especial para manter a diabetes mais controlada e para os hipertensos a atenção com o sal e o abandono das gorduras tem de ser uma regra. Alerta ainda para a manipulação dos vegetais frescos na altura da sua compra e, em caso de dúvidas, estes devem ser preferencialmente passados pelo fogo.

A atividade física deve manter-se, não esquecendo que mesmo na volta diária ao quarteirão da habitação deve-se ir sozinho e com o recomendado distanciamento social.

 

Victor Gil esclarece ainda que não se deve abandonar nenhum tratamento para as doenças cardiovasculares, uma vez que, até ao momento, não há qualquer evidência que comprove que os fármacos usados possam vir a ter influência negativa nos doentes que são infetados com COVID-19.

 

Um doente com insuficiência cardíaca têm uma mortalidade anual maior do que aquela que existe com o COVID-19 e, neste momento, o receio em procurar os serviços de urgência, está a levar a que os doentes com sintomas, os desvalorizem.

 

O Registo Permanente da Cardiologia de Intervenção em Portugal mostra que, no período de 01 a 15 de março, houve uma diminuição de 26% das intervenções em fase aguda de enfarte do miocárdio e de 15 a 23, essa diminuição atingiu os 41%. Tal como o Presidente da SPC refere, os enfartes não diminuíram, os doentes podem estar a atrasar a procura de ajuda.  

 

Por fim, o Presidente da Associação Portuguesa de Cardiologia, destaca, mais uma vez, que estes doentes deviam ser protegidos, uma vez que muitos deles não conseguem trabalhar à distância e que por isso mesmo, estão em permanente risco. Considera que esta falta de proteção acaba por ser uma lacuna e que a solução pode passar por atribuir o mesmo estatuto que se atribui quando se passa um atestado médico.  

 

As recomendações divulgadas a toda a população pela DGS devem ser seguidas com especial atenção e rigor neste grupo de doentes portadores de doença cardíaca crónica, particularmente se idosos.

 

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