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Covid-19: BCP diz que mantém ‘spreads’ de clientes que não cumpram no crédito à habitação

LUSA
27-03-2020 20:16h

O BCP divulgou hoje medidas para empresas e famílias afetadas pela pandemia de covid-19 e indicou que não vai agravar ‘spreads’ de clientes particulares que não consigam cumprir contratos de crédito à habitação.

Em comunicado hoje divulgado, o banco indica que, "entre 01 de abril e 30 de junho, suspenderá o agravamento do ‘spread’ dos contratos de crédito” a clientes que não consigam cumprir as condições de bonificação dos contratos de crédito devido às consequências do surto de coronavírus.

A moratória do Governo, hoje publicada, que permite a clientes não pagarem as prestações do crédito até setembro, impede que essa suspensão seja considerada um incumprimento do contrato pelo cliente.

Mas, é comum, por exemplo, os ‘spreads’ (margem de lucro do banco) contratados dependerem da subscrição de produtos e serviços adicionais pelos clientes (‘cross selling’), como cartão de crédito ou seguros, mantendo o banco aquele ‘spread’ enquanto o cliente tiver outros produtos associados, pelo que poderá haver um agravamento do ‘spread’ caso os clientes deixem de cumprir algumas condições de bonificação.

Ainda no comunicado hoje divulgado, nas medidas para as empresas, o BCP indicou que reforçou crédito para tesouraria e liquidez imediata, com 500 milhões de euros para ‘factoring’ (adiantamento de recebimentos) e ‘confirming’ (execução de pagamentos).

O banco disponibiliza ainda linhas de crédito garantidas, financiamento para alongamento do pagamento de impostos (adiantando dinheiro de impostos às empresas), reforço de faturas sobre o setor público e adiantamento de pagamento do Estado, com o objetivo de “apoiar a economia, proteger o emprego e reforçar a sustentabilidade empresarial”, indicou em comunicado.

Entre outras medidas, os clientes que abram conta por telefone ou meios digitais podem aceder à ‘conta-pacote’ por um euro por mês até final de setembro, com isenção de várias comissões, e há proteção de covid-19 em seguros de doença, invalidez e morte, desde que as pessoas não tenham viajado para países de risco ativo.

“O Millennium BCP sabe bem o que é ser ajudado e a importância da ajuda. Sabemos que o nosso papel é decisivo para a economia portuguesa. Se os nossos clientes não estiverem bem, nós também não estaremos. Podem contar connosco”, disse o presidente do BCP, Miguel Maya, citado em comunicado.

Segundo o BCP, o conjunto de medidas para famílias e empresas tem um "valor total de 4,7 mil milhões de euros".

Foi hoje publicado em Diário da República o decreto-lei do Governo que permite moratórias de créditos à habitação e créditos de empresas, com suspensão dos pagamentos das prestações (juros e capital) até 30 de setembro.

Para as empresas há ainda linhas de crédito garantidas pelo Estado no valor total de 3.000 milhões de euros, para financiar necessidades de tesouraria e fundo de maneio de empresas, o que os bancos consideram insuficiente face ao que será necessário para sustentar a economia perante a grave crise provocada pela covid-19.

Na quinta-feira à noite, o BCP comunicou que vai propor na assembleia-geral de 20 de maio o cancelamento do pagamento de dividendos referentes a 2019, devido à incerteza associada à situação de pandemia, mas que vai manter a compensação salarial aos trabalhadores.

O BCP registou lucros de 302 milhões de euros em 2019, um aumento de 900 mil euros (0,3%) face aos 301,1 milhões de euros registados em 2018.

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