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Covid-19: SAMS esclarece que hospital dos Olivais vai integrar rede de apoio após higienização

LUSA
27-03-2020 19:09h

O SAMS, serviço de saúde dos bancários, esclareceu hoje que o hospital dos Olivais vai integrar a rede de hospitais privados de apoio ao tratamento da doença covid-19 depois de realizar os “procedimentos de higienização” obrigatórios.

Num esclarecimento, o presidente da direção do Serviço de Ação Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SAMS) refere que o hospital dos Olivais foi colocado ao dispor do Serviço Nacional de Saúde (SNS) desde o início do processo, mas teve de ser encerrado em 20 de março devido aos casos de infeção com o novo coronavírus em doentes e profissionais de saúde.

“A suspensão da atividade no Hospital dos Olivais não foi uma decisão de gestão, mas uma determinação da Direção-Geral da Saúde, perante o número de casos positivos detetados, maioritariamente entre profissionais”, refere o SAMS, sublinhando que “são obrigatórios vários procedimentos de higienização”, que vão ocorrer nos próximos dias.

O presidente da direção frisa que, “logo que terminados todos os procedimentos”, este hospital vai integrar “a rede de hospitais privados e do terceiro setor de apoio ao SNS”.

O esclarecimento da direção do SAMS surge após o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) ter pedido à ministra da Saúde a requisição civil de todos os estabelecimentos de saúde geridos pela direção clínica dos serviços médicos dos bancários, para auxiliar na mitigação da pandemia da doença covid-19.

O sindicato também solicitou a requisição civil de “todos os trabalhadores de saúde e outros, nomeadamente de prestadores de serviço habituais, indispensáveis” para garantir o funcionamento das unidades de saúde do SAMS.

O presidente da direção do SAMS sublinha também que todos os profissionais que apresentem testes positivos ao covid-19 “deixam de prestar cuidados no momento em que é conhecido o resultado do teste, entrando em recolhimento obrigatório vigiado”.

No esclarecimento, o serviço de saúde dos bancários refere que as decisões tomadas relativamente à suspensão dos serviços clínicos do SAMS, exceto no que se refere ao Hospital dos Olivais, foram articuladas com a Direção Clínica, após avaliação do quadro de pessoal disponível.

“Entre ter de explicar porque suspendemos a atividade do centro clínico ou ter de explicar porque mantivemos um enorme foco de contágio, em defesa dos nossos beneficiários, trabalhadores e utentes, dos mais novos aos mais velhos, optámos pela primeira. Entre proteger os nossos doentes de eventuais contágios ou manter a atividade cirúrgica programada, optámos pela primeira. Entre a segurança dos doentes ou os cuidados prestados por trabalhadores exaustos por não terem quem os substitua, optámos pela primeira”, precisa o comunicado.

No início da semana, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul já tinha acusado a administração dos serviços médicos dos bancários de irresponsabilidade pelo fecho total dos serviços, aproveitando para “um despedimento coletivo”.

“Entre ter de explicar porque optámos pelo 'lay-off' agora ou ter de explicar despedimentos mais tarde, em defesa da manutenção dos postos de trabalho, optámos pela primeira”, esclarece o SAMS, frisando que com a evolução do surto que se verificou entre os profissionais, sendo que alguns repartem a sua atividade entre várias clínicas e o hospital, havia que “travar a cadeia de contágio” e que a opção passou pela “proteção dos beneficiários, trabalhadores e utentes”.

O serviço de saúde dos bancários garante que “está assegurado o acompanhamento de grávidas, o fornecimento de medicamentos hospitalares, os pensos especiais, a urgência pediátrica e a ginecológica” e a renovação da medicação, salientando que vai continuar “a procurar soluções para as mais diversas situações”.

“Quem conhece o nosso centro clínico sabe que reunimos todas as condições para, em período de normalidade, atendermos todos, observando a segurança que se impõe. Coisa diferente é fazer cumprir as regras impostas pelas exigências do quadro de pandemia que vivemos, como seja o distanciamento nas salas de espera”, refere, lamentando que as decisões do SAMS tenham sido “exploradas até à exaustão por interesses que nada têm a ver com a defesa da saúde dos beneficiários, utentes, profissionais”.

 O presidente do SAMS considera ainda que, no quadro atual de grande adversidade, “o pior que se poderia fazer era agir como se estivéssemos em plena normalidade, procurando manter tudo como estava, independentemente dos riscos de contágio, da exaustão dos profissionais e da observância de regras das autoridades de saúde”. 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, surgir na China, em dezembro de 2019 e já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

Em Portugal registam-se 76 mortes e 4.268 infeções confirmadas, segundo o último balanço da Direção-Geral da Saúde.

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