SAÚDE QUE SE VÊ

Estudo europeu conclui que população idosa portuguesa é pouco saudável

Diogo Mendes
21-09-2018 18:31h

Os resultados preliminares do DO-HEALTH, o nome do maior estudo europeu sobre envelhecimento, concluem que a população idosa portuguesa apresenta baixos níveis de saúde, quando comparando com outros países europeus.

O estudo teve início em 2012 e estão envolvidos na investigação mais de meia centena de cientistas de sete centros universitários de Portugal, França, Áustria, Alemanha e Suíça. A participação portuguesa é assegurada por um grupo de investigadores da Clínica Universitária de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), liderado por José António Pereira da Silva.

Saúde +

José António Pereira da Silva - Investigador

As conclusões, referentes à primeira visita clínica dos 2157 participantes no estudo, indicam que em Portugal apenas 9% dos idosos são considerados saudáveis, em contraste com os 58% da Alemanha, 51% da Suíça, 38% da Áustria e os 37% da França. No global, 42% dos participantes europeus foram considerados idosos saudáveis.

No caso do DO-HEALTH, considera-se saudável "um idoso que se sinta em condições de viver de forma independente só por si, sem sofrimento que considerasse substancial e sem necessidade de internamentos nos últimos 6 meses", referiu o investigador ao S+.

Ao longo de três anos de ensaio clínico foi pedido aos participantes que cumprissem, três vezes por semana, um plano de exercício simples em casa e tomassem diariamente suplementação de vitamina D e/ou ácidos gordos ómega 3 e/ou placebo, com o objetivo de avaliar o efeito da vitamina D, do ómega 3 e do exercício físico na saúde cognitiva e física dos idosos.

Num comunicado divulgado à comunicação social, o Prof. Doutor José António Pereira da Silva refere que “os dados recolhidos vão ser analisados de forma a determinar os efeitos destas três intervenções em cinco principais dimensões: risco de fratura, função muscular dos membros inferiores, função cognitiva, tensão arterial e taxa de infeções”.

No que diz respeito às causas que levam a estes números, o professor afirmou ao S+ que o nível de educação e o nível socioeconómico são os principais fatores, "a saúde tem um valor incalculável mais tem um preço, é preciso que as pessoas sejam capazes de o pagar e é preciso também que as pessoas tenham conhecimento suficiente para gerir a sua vida, os seus recursos, de maneira a transformá-los em saúde”.

Para a implementação do DO-HEALTH em Portugal foi criado um centro dedicado na FMUC, que implicou um financiamento da Universidade de Coimbra na ordem dos 200 mil euros, no total e com a contribuição da União Europeia, o orçamento chegou aos 800 mil euros. O orçamento total do DO-HEALTH foi de 17.6 milhões de euros.

Três enfermeiros, quatro médicos, dois fisioterapeutas e uma farmacêutica formam a equipa deste estudo, que recrutou e seguiu 301 idosos da região de Coimbra e perfizeram três consultas anuais e nove contactos telefónicos trimestrais.

MAIS NOTÍCIAS