A UNITA, maior partido na posição em Angola, recomendou hoje ao Presidente angolano que "decrete publicamente o Estado de Emergência" devido a "calamidade extrema" que vivem as populações do sul do país, afetadas pela fome e seca severa.
Segundo o presidente do grupo parlamentar da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, a resposta do governo às populações afetadas pela seca "é praticamente inexistente e torna-se necessário medidas de emergência".
Para o político, a par da necessidade de se decretar publicamente o estado de emergência, é necessário também que se mobilizem "meios do Estado e de toda a sociedade" para uma mega campanha de recolha de bens alimentares para acudir as populações afetadas, a exemplo do que se fez em Moçambique.
"Que o Governo (angolano) ausculte os quadros técnicos e as populações locais sobre as iniciativas e métodos para prevenir e resolver o problema das calamidades", disse, em Luanda, durante uma conferência de imprensa de balanço das VIII jornadas parlamentares que decorreram, de 09 a 14 de setembro, nas províncias da Huíla e Cunene.
As províncias angolanas do Cunene, Huíla, Cuando-Cubango e Namibe são afetadas pela seca desde finais de 2018, situação que levou o Presidente angolano, João Lourenço, a visitar em maio passado a região.
No âmbito das jornadas parlamentares, deputados da UNITA visitaram igualmente as comunidades afetadas pela seca e procederam a oferta de um donativo traduzido em 40 toneladas de bens diversos, com as autoridades a reafirmarem a "necessidade de mais ajudas".
Adalberto Costa Júnior deu conta que a região sul de Angola "recebe apenas 3%" do Orçamento Geral do Estado (OGE) o que "torna incipientes os programas de desenvolvimento daquela parcela do território angolano".
"A fome a seca na região é mais grave do que se pensa e as medidas até aqui tomadas não respondem e nem correspondem com a demanda, obrigando comunidades inteiras a deslocarem-se procurando água e pasto. As crianças são obrigadas a abandonar as escolas tornando-se o suporte dos pais na busca de água e pastoreio", apontou.
Indicou que desde o início da crise da seca, particularmente na província do Cunene, "apenas há duas semanas e meia o Governo central mandou a primeira ajuda alimentar à região, logo após o Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, ter visitado a localidade".
A necessidade da inclusão de verbas no OGE 2020 para projetos duradouros capazes de resolver o problema da seca no sul de Angola é igualmente uma das recomendações da UNITA ao Governo, exortando para que a institucionalização das autarquias, com eleições previstas para 2020, "seja em simultâneo em todos os municípios".
Pois, entende a formação política, que as eleições autárquicas em simultâneo vão "dotar os municípios de autonomia que resolva os seus problemas e assim deixarem de esperar por soluções paliativas vindas da estrutura central".