Quinze psicólogos cabo-verdianos começam hoje a atender pessoas em casa e profissionais sanitários, informou o diretor nacional de Saúde, indicando que 40 médicos também vão reforçar a Linha Verde para responder à pandemia de covid-19.
“O atendimento é feito por enfermeiros, mas temos atrás dos enfermeiros 40 médicos de prontidão para responder, para esclarecer e para detetar precocemente eventuais casos que possam ser depois encaminhados para os serviços de saúde em caso de necessidade”, avançou Artur Correia, em conferência, na cidade da Praia, para fazer o ponto de situação do novo coronavírus no país.
O diretor nacional de Saúde cabo-verdiano disse que a partir de hoje haverá uma extensão da Linha Verde de Saúde (800 11 12) para atendimento psicológico, com 15 profissionais da área, para apoiar não só as pessoas que estão em quarentena, mas também a população em geral.
“Para diminuir a ansiedade das pessoas e contribuir para esse clima de serenidade e de confiança que estamos a atravessar, mas também para apoiar os próprios profissionais de saúde, que também precisam desse apoio porque são seres humanos como nós todos”, disse.
Na terça-feira, em entrevista à Lusa, a psicóloga Kika Freyre disse que já começou a atender urgências psicológicas de pais de crianças e adolescentes em Cabo Verde, com comportamentos de ansiedade, choros e medos, após o primeiro caso do novo coronavírus no país, na semana passada.
Na altura, a especialista avançou que solicitará uma Linha Verde gratuita à operadora Cabo Verde Telecom para este efeito e que estava a aguardar resposta para a sua instalação na sua clínica, o que acredita poderá acontecer ainda esta semana.
“É uma forma de colaborar para evitar o caos. As pessoas ainda não se deram conta da gravidade da situação”, alertou, acrescentando que a ideia de férias escolares antecipadas parece ter pegado mais que a necessidade de isolamento social.
O Governo cabo-verdiano antecipou o início das férias escolares da Páscoa em todos os estabelecimentos de ensino do pré-escolar, básico e secundário do país, como medida de contenção face à pandemia de covid-19.
A medida foi tomada dois dias antes de o país registar o primeiro caso da doença, e as aulas regulares, que deveriam ser retomadas em 13 de abril, foram agora adiadas para quatro dias depois, anunciou hoje o primeiro-ministro.
Assim, milhares de crianças estão em casa, uma situação inédita no país, que para a psicóloga Kika Freyre vai exigir paciência e criatividade. A especialista aconselhou os pais a manter conversa clara e sensata com os filhos por causa do novo coronavírus.
Segundo Artur Correia, Cabo Verde registou até agora quatro casos importados do novo coronavírus e está neste momento a seguir 11 casos suspeitos, sendo cinco na Boa Vista, um no Porto Novo, um em São Vicente, um em Tarrafal de Santiago e três na Praia.
“Vamos ter mais casos suspeitos à medida que aumente a nossa capacidade de seguimento aos doentes que estão em quarentena, quer nos hotéis quer a nível domiciliar”, alertou o diretor.
Até este momento, disse, Cabo Verde já realizou 23 testes no Laboratório de Virologia de todos os casos suspeitos e dos que estavam em seguimento e que manifestaram sintomas.
O primeiro caso confirmado de covid-19 no arquipélago surgiu há uma semana, na ilha da Boa Vista. Tratou-se de um cidadão inglês, de 62 anos, que acabou por morrer esta semana.
Na mesma ilha, que entretanto foi isolada do restante arquipélago, foram confirmados mais dois casos, também turistas estrangeiros, e já esta semana confirmado o primeiro caso na cidade da Praia, ilha de Santiago.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
O continente africano registou até hoje 73 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 2.700 casos, em 46 países.