Cabo Verde vai passar a partir da meia noite à situação de risco de calamidade, na Proteção Civil, face à pandemia de covid-19, avançando o encerramento de empresas públicas e a suspensão das ligações aéreas e marítimas interilhas de passageiros.
Numa declaração ao país, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, anunciou o “reforço significativo” das medidas, até 17 de abril, numa altura em que o país regista quatro casos de covid-19 e um óbito, acrescentando que o Governo “é favorável” à declaração de situação de emergência a nível nacional, que está a ser ponderada pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
“A partir de hoje entramos numa nova fase, numa fase decisiva, com medidas mais duras de prevenção, mas necessárias. Com efeitos a partir do dia 27 de março, às 00:00, e até ao dia 17 de abril, são reforçadas significativamente, para todo o território nacional, as medidas restritivas para diminuir o risco de propagação e contágio do vírus”, anunciou o chefe do Governo cabo-verdiano.
“Eleva-se assim o nível de contingência da Proteção Civil para a situação de risco de calamidade, o que reforça as medidas de prevenção e de reação em todo o território nacional. Em consequência, são encerrados todos os serviços e as empresas públicas em todo o território nacional, com efeito a partir da meia noite de hoje”, acrescentou Ulisses Correia e Silva.
O primeiro caso confirmado da covid-19 no arquipélago surgiu há uma semana, na ilha da Boa Vista. Tratou-se de um cidadão inglês, de 62 anos, que acabou por morrer esta semana. Na mesma ilha, que entretanto foi isolada do restante arquipélago, foram confirmados mais dois casos, também turistas estrangeiros, e já esta semana confirmado o primeiro caso na cidade da Praia, ilha de Santiago.
“São suspensas as ligações e os voos interilhas. Excetuam-se os voos e as ligações marítimas realizados para fins sanitários, de proteção civil, evacuação de doentes, situações de emergência, deslocação de técnicos para serviços inadiáveis e imprescindíveis e outras situações excecionais devidamente autorizadas pela autoridade de Proteção Civil, mediante controlo sanitário”, anunciou Ulisses Correia, no âmbito das novas medidas que entram em vigor à meia-noite.
Acrescentou que apenas serão permitidas as ligações marítimas de mercadorias e que será reforçada a vigilância marítima, para evitar que a quarentena de todas as ilhas seja colocada em causa: “O abastecimento interilhas, em termos de mercadorias e de carga, irá continuar sem restrições, não podem é transportar passageiros”, disse.
Depois de ter antecipado o início do período de férias escolares da Páscoa, Ulisses Correia e Silva anunciou hoje que as escolas vão permanecer encerradas até ao dia 17 de abril e que, com o encerramento imediato das empresas e serviços públicos, será possível recorrer ao teletrabalho, com exceção nos serviços públicos de saúde, de proteção civil, de segurança, aeroportuários e portuários. Mas, enfatizou, “em nenhuma circunstância ficarão os trabalhadores prejudicados no seu vinculo laboral e no seu salário”.
“Estamos todos a fazer um bom combate ao novo coronavírus, o covid-19, mas é preciso reforçar, a situação evolui permanentemente e obriga à tomada de medidas bem ponderadas e de forma rápida, mexem com a nossa rotina de vida e com os nossos hábitos, mas têm que ser tomadas, executadas a bem da nossa saúde, da nossa família, da saúde dos que nos são próximos, da nossa comunidade, do nosso país”, declarou o primeiro-ministro, na mensagem ao país.
O continente africano registou até hoje 73 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 2.700 casos, em 46 países.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.