Centenas de milhares de jovens manifestam-se hoje através do mundo naquela que se anuncia como a maior mobilização jamais organizada para exigir aos adultos ações contra as alterações climáticas.
Juntando-se ao movimento iniciado em 2018 pela jovem sueca Greta Thunberg, jovens boicotam as aulas para esta simbólica “greve mundial pelo clima”, que deve culminar com uma manifestação marcada para Nova Iorque, onde se realiza na segunda-feira a Cimeira da Ação Climática convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
De Sydney a Seul, passando por Manila, Bali, Tóquio ou Bombaim, a região Ásia-Pacífico deu o tiro de saída para esta “sexta-feira pelo futuro” planetária, destinada a pressionar os decisores políticos e as empresas a tomarem drásticas para conter o aumento das temperaturas provocado pela atividade humana.
No total, mais de 5.000 eventos estão previstos em todo o planeta e Greta Thunberg, que participará na manifestação de Nova Iorque, apelou hoje num vídeo à juventude para se preparar para o combate.
“São vocês que contam”, disse a adolescente que se transformou no símbolo de uma jovem geração convicta de que os últimos anos não foram suficientes para lutar contra o aquecimento global.
Quando o sol nasceu no Pacífico, a jornada de eventos foi lançada em Vanuatu, nas ilhas Salomão e em Kiribati.
Na Austrália, mais de 300.000 pessoas – jovens, pais e outros cidadãos – concentraram-se em várias cidades. Mais do dobro do que em março, num primeiro movimento similar.
Milhares de pessoas desfilaram nas Filipinas, um arquipélago igualmente afetado pela subida dos oceanos provocada pelo aquecimento global.
Na África do Sul, cerca de meio milhar de pessoas desfilou durante a manhã em Joanesburgo.
Na Europa, manifestantes na Alemanha, onde os ecologistas vão de vento em popa eleitoralmente, bloquearam a circulação no centro de Francoforte, provocando um enorme engarrafamento. Em Berlim, a principal manifestação deverá partir da emblemática Porta de Brandeburgo.
Em Paris, manifestaram-se igualmente muitos jovens, alguns acompanhados pelos pais.
A jornada de luta deverá dar o pontapé de saída para duas semanas de ações, nomeadamente com a Cimeira da Juventude, também organizada pela ONU e que antecede a cimeira de líderes mundiais.
Em 27 de setembro realiza-se a assembleia-geral da ONU, estando marcada para esse dia outra greve global. A Cimeira da Ação Climática de segunda-feira deverá reunir a generalidade dos líderes dos 193 países-membros das Nações Unidas.
Portugal estará representado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.
Com algumas exceções notáveis, como o presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo brasileiro Jair Bolsonaro, muitos dirigentes internacionais subscrevem a ideia de uma urgência climática.
Para que a meta do acordo de Paris de travar o aquecimento do globo nos 1,5 graus acima dos valores médios do início do século XX é preciso que o mundo seja neutro em carbono em 2050, segundo o último consenso dos cientistas mandatados pela ONU.