Gonçalo Martins e Fábio Ramalho são dois jovens voluntários que, desde sexta-feira, estão na "linha da frente" a fazer entregas ao domicílio às pessoas mais vulneráveis de Castelo Branco, um serviço implementado pela Junta de Freguesia.
O relógio marca as 11:45 de hoje e a carrinha da Junta de Freguesia de Castelo Branco aproxima-se do número 30 da Rua Médico Sousa Refóios, onde se imobiliza.
Gonçalo Martins e Fábio Ramalho saem do interior da viatura, devidamente protegidos contra a pandemia da covid-19, com máscaras e luvas, e fazem a entrega dos medicamentos a Celeste Prata, de 75 anos.
A septuagenária já estava à porta, a aguardar pela chegada dos jovens que lhe ficaram de trazer a medicação em falta para a hipertensão e para a diabetes.
"Ontem [segunda-feira], foi a primeira vez que cá vieram trazer-me medicamentos. Mas hoje voltaram para me trazer os que estavam em falta", explicou à agência Lusa.
Celeste Prata, uma reformada que outrora trabalhou no setor do comércio e da confeção, soube deste serviço disponibilizado pela Junta de Freguesia de Castelo Branco, através da sua filha.
"A minha filha viu no ‘Facebook' e disse-me para eu aproveitar o serviço. Assim fiz. Acho que está muito bem e é muito útil neste momento. Tiveram visão. Oxalá que corra tudo bem", afirmou.
Os dois voluntários, um desempregado e o outro que trabalhava no infantário da Santa Casa da Misericórdia e na Universidade Sénior de Castelo Branco, cumprem a sua missão, sempre com as devidas precauções.
"Para já, esta é a única equipa da junta. Desde sexta-feira já realizámos entregas a cerca de uma dúzia de pessoas, na maioria dos casos, medicamentos. Temos feito as entregas um pouco por toda a cidade", explica Gonçalo Martins.
O serviço funciona de segunda a sexta-feira, entre as 09:00 e as 17:00, mediante a inscrição dos interessados.
"As pessoas ligam para a Junta. Quando são medicamentos, a autarquia pergunta qual é a farmácia onde costumam adquirir os fármacos. Após esta etapa, a Junta requisita os medicamentos que ficam guardados até os irmos recolher", refere Gonçalo Martins.
Depois deste passo, segue-se então a entrega ao domicílio, sendo que a equipa está sempre disponível para ocorrer às situações o mais rapidamente possível.
"Vamos à casa das pessoas buscar o dinheiro que é colocado num saco de plástico, deslocamo-nos à farmácia e efetuamos o pagamento. Com as compras, o sistema é o mesmo", frisou.
Entretanto, Celeste Prata confidencia à Lusa que se sente com medo, face a toda a situação que se está a viver.
"Sinto-me muito ansiosa e sem saber o que fazer. Antes disto, eu saía muito de casa. Tenho uma filha e uma neta e ia para lá passar os dias e as tardes, conforme era preciso. Desde a semana passada que deixei de sair", disse.
Agora, a septuagenária fala com a filha e com a neta através de um ‘tablet' e, sempre que precisar, diz que vai recorrer ao serviço da Junta de Freguesia, pelo menos para os medicamentos.
"Vamos lá a ver se conseguimos ultrapassar isto. A primeira coisa que vou fazer quando isto terminar é sair de casas e dar uma volta pela cidade", confessa.
Feita a entrega, Gonçalo Martins e Fábio Ramalho seguem para a sede da autarquia: "Para já, está a superar as expectativas. É um serviço em que estamos na linha da frente. As pessoas ficam satisfeitas e agradecem muito, porque elas próprias têm medo de sair à rua", concluem.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 30 mortes e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.